Misericórdia de Castelo de Paiva

Por Lino Maia

Proveniente da serra e do rio, do campo e das minas, das vinhas e das gentes, Castelo de Paiva é uma faixa de terra caprichosamente recortada entre as províncias da Beira e do Douro Litoral e, por isso, partilha das belezas destas encantadoras regiões. Pastoralmente, integra a Diocese do Porto e é o mais distante concelho da sede do distrito a que pertence (Aveiro), estendendo-se desde os limites de Arouca e Santa Maria da Feira até ao Rio Douro, entre os concelhos de Cinfães (distrito de Viseu e diocese de Lamego), Gondomar e Penafiel (Porto).

Dadas as evidentes carências que se verificavam a nível de apoio na saúde no concelho paivense, foi erigida a Santa Casa da Misericórdia que, em 6 de Setembro de 1953, inaugurou o seu hospital. Até à intervenção estatal de 1975 foi na área da saúde a sua única mas importante atividade.

Então, não se desmobilizando antes sentindo as muitas carências a nível concelhio no apoio aos idosos e refletindo sobre a possibilidade de dar uma nova resposta para corresponder à sua vocação, a Misericórdia lançou-se na construção de um harmonioso Lar (Dr. Justino Strecht), com capacidade para 52 idosos, que viria a ser inaugurado em 1988.  Cinco anos mais tarde, disponibilizou o seu Centro de Dia,  para 10 utentes, e, experimentando a necessidade de alargar o campo tradicional de atuação, pouco depois  implementou o seu Serviço de Apoio Domiciliário com uma capacidade para outros 50 idosos.

Atenta às necessidades locais, em 2002, a Misericórdia criou o seu Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) para as pessoas portadoras de alguma deficiência mental, moderada ou profunda. Nesta resposta social são apoiados 15 utentes, em cujo  benefício há todo um programa de atividades e de serviços: animação e música, artes plásticas e pintura, construção de molas e costura, ginástica e hidroginástica, motricidade e psicoterapia. É pensando nestas pessoas mais fragilizadas, algumas das quais em risco de ficarem sem qualquer retaguarda familiar, que a Misericórdia tem para breve a construção de um Lar Residencial para que possam beneficiar do espaço e das condições que a sua dignidade como pessoas reclama.

Entretanto, recuperado que foi aquele que havia sido o seu primeiro espaço de intervenção, a Misericórdia começou a disponibilizar ali uma diferenciada oferta de cuidados de saúde para toda a família, incluindo uma moderna Unidade de cuidados continuados integrados, consultas médicas de especialidades diversificadas, medicina física e de reabilitação e medicina laboratorial.

A ladear o Hospital, uma exploração agrícola com vinhas e estufas de produção de legumes para o autoconsumo favorece tanto o ambiente como a sustentabilidade de uma Misericórdia que movimenta anualmente cerca de 2,5 milhões de euros e que emprega um grupo de 70 trabalhadores.

À frente da Misericórdia está Artur  José Beleza de Vasconcelos Oliveira, um reconhecido jurista e dedicado provedor, a quem os 195 membros da Irmandade prestam homenagem pelo muito bem que é bem feito em favor de toda uma comunidade paivense e muito especialmente em favor dos que nela mais precisam..

Que seria deste país sem a ação de instituições como a Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Paiva? E como estaria todo o concelho de Castelo de Paiva sem a sua Misericórdia?