Promoção social

Por Joaquim Armindo

“Fazer um centro social numa zona socialmente rica é desprovido de sentido. Ter colégios para pessoas que podem fazê-los por si é menos justificado do que tê-los onde as pessoas falham a escolaridade se não houver quem promova a educação” – esta uma das frases que o Cónego Jorge Cunha, escreve no seu artigo na revista “Humanística e Teologia”, “Ética Teológica da Ação da Igreja”.

Mais adiante refere a possibilidade da Igreja, por questões de liberdade de ensino e de prestação de cuidados de saúde, possa ter as suas organizações, mesmo dependentes da ajuda do estado, sendo que devem cumprir as diretivas deste. Jorge Cunha, nesta excelente reflexão, coloca a Igreja no seu verdadeiro lugar, isto é, sempre a “preferência pelos pobres”. Sempre preferência por aqueles que são os mais fracos da sociedade e onde o Estado não intervém ou mostra incapacidade de compreensão. A missão da Igreja –diz -, é fundar um mundo que cuide de todos e de tudo, cuidar de si, dos outros e da Terra. “A caridade e a justiça caminham de mãos dadas neste programa.”

Mas o seu texto vai mais fundo, quando explica que o necessário é o “desenvolvimento integral do ser humano”, o que conjugado com as suas últimas palavras do cuidado da Terra, sustém aquilo que é defendido na encíclica papal “Laudato Si`”. Daí, que promove uma discussão muito útil sobre o papel da Igreja na “promoção social”. Muitas vezes dizemos, que tudo isto não passam de análises que não colocam como obsoleta a fome, ela continua a existir, para lá das polémicas académicas. Não é essa porém a opção neste artigo, que se projeta como ser impensável qualquer “ação social”, sem o “caráter profético de uma sociedade justa”.

O Cónego Professor Jorge Cunha apresenta, e muito bem, quais são as prioridades da Igreja, a ação evangelizadora, cujo sentido “é a inclusão de todos no cuidado e no trabalho, a começar pelos pobres e os vulneráveis, que vão mais devagar”. A Igreja não deve dispensar-se de promover todas as ações “quando houver necessidade de socorrer aqueles que de outro modo não serão cuidados e integrados”. As carências existem de toda a ordem, afetando todos, e uma das maiores carências é a do Evangelho, afirma. Com razão! Ler todo o texto, recomendo.09