Pastoral das cidades: encontro sobre Porto e Gaia

Foto: Rui Saraiva

Sob a presidência de D. Manuel Linda, Bispo do Porto, na presença dos seus bispos auxiliares, no dia 30 de outubro de 2018, na casa Diocesana de Vilar, reuniram cerca de 50 sacerdotes que trabalham nas cidades do Porto e Gaia para refletir sobre a pastoral da cidade.

Na abertura do encontro, o bispo do Porto, a partir do EG 71, convidou todos os presentes a ter um olhar de fé sobre a cidade. Como Deus já habita nas nossas cidades, há que descobrir os sinais da Sua presença nas entranhas da vida citadina. Após este olhar de esperança sobre a presença do divino nas cidades, D. Manuel deu início a uma partilha entre todos sobre a catequese.

Constatou-se uma grande diferença entre os vários centros de catequese existentes nas cidades do Porto e Gaia. Enquanto que em alguns centros catequéticos, principalmente, no centro histórico, se sente um decréscimo considerável de crianças, em outros, de maneira particular os ligados a ordens religiosas, o número continua a ser muito significativo, embora muitos não residam na paróquia.

Os colégios têm um papel muito importante na transmissão da fé. Como se constatou que muitas crianças já não frequentam a catequese foram apresentados algumas propostas de chegar até elas: campos de férias, visita a escolas, presença nos bairros sociais, aproveitamento da religiosidade popular.

Após o almoço foram constituídos cinco de grupos de reflexão sobre várias temáticas da pastoral da cidade: presença e proximidade; unidade e comunhão; proximidade espiritual; formação e testemunho dos leigos; atenção aos pobres.

No plenário o primeiro grupo começou por realçar que é cada vez mais difícil conhecer o terreno da ação pastoral porque a realidade está em acelerada mutação. Constatou que existem diferentes realidades pastorais que exigem uma maior articulação; que faltam espaços de partilha e comunhão pastoral; que existe pouco diálogo e interação com as instituições civis; que continua a existir a dificuldade em sair dos espaços paroquiais. Salientou também que a paróquia já não se identifica só com espaço territorial, mas alberga em si cristãos provenientes de outros lugares. É necessário apostar no trabalho dos leigos e criar órgãos de corresponsabilidade. Será conveniente criar alguns espaços com vocação especial para diferentes áreas de pastoral. É urgente uma simplificação da burocracia para acolher a todos. Alertou por fim para o necessário trabalho em rede; para a presença da Igreja no mundo da cultura; para o diálogo com as culturas juvenil e universitária; para a necessidade de criar espaço de acolhimento nas comunidades cristãs e articular os horários das Eucaristias entre os vários centros de culto.

O segundo grupo começou por referir que já existem alguns aspetos de coordenação pastoral: pastoral de conjunto vicarial em alguns setores da pastoral; celebrações eucarísticas em língua estrangeira; catecumenado vicarial; articulação entre comunidades religiosas e paróquias. De seguida apontou alguns desafios pastorais: criar um catecumenado para cidade do Porto, em relação com as comunidades paroquiais; criar relações de comunhão entre os vários Centros Sociais; fomentar o diálogo entre os centros de catequese das capelanias com as respetivas paróquias; maior presença das capelanias nas reuniões de vigararia.

O terceiro grupo começou por constatar que há necessidade de encontrar na vigararias alguns espaços que deem maior relevo a alguns setores da pastoral. Os lugares e horários de confissão devem ser mais divulgados. Será conveniente criar um espaço na cidade dedicado à adoração ao Santíssimo, que fomente o silêncio e o encontro espiritual, e um espaço de atendimento espiritual permanente. Deverão ser oferecidas Eucaristias em várias línguas, para além das já existentes. Será também necessário criar espaços de acolhimento às famílias irregulares, melhorar a relação com a realidade prisional, estar atento ao sem-abrigo, e colocar as novas tecnologias ao serviço da evangelização.

O quarto grupo realçou que tal como a Igreja primitiva há que dar mais realce aos carismas. É urgente formar cada vez mais os leigos para a sua missão de anunciadores do Evangelho e promover uma catequese de adultos que forme verdadeiros discípulos. Há que enveredar pelo caminho da beleza tanto no património como na liturgia. Há que repensar o número de Eucaristias celebradas. A preparação dos sacramentos deve desembocar no compromisso cristão. O anonimato citadino aponta para necessidade de constituir pequenos grupos, onde é possível a partilha, a oração e o perdão. Deve aproveitar melhor o Centro de Cultura Católica como agente de formação para laical, para uma melhor inserção no mundo e na vida eclesial. Insistir também na formação contínua do clero.

O quinto grupo, que refletiu sobre a atenção aos pobres e a todas as pobrezas, apontou algumas respostas que a Igreja já oferece aos mais carenciados: apoio aos deficientes, apoio aos doentes e suas famílias; ação das capelanias hospitalares junto dos doentes e profissionais de saúde; apoio aos emigrantes e aos refugiados, apoio aos sem-abrigo, não só material, mas também espiritual; apoio às crianças carenciadas através de campos de férias e explicações; apoio à terceira idade e ajuda alimentar às famílias carenciadas.

Constatou que será necessário um maior apoio ao alojamento de estudantes principalmente aos estrangeiros, uma maior partilha e trabalho em rede na ação social, maior e mais incisiva intervenção política dos cristãos, maior apoio à habitação urbana, atenção redobrada aos deficientes e uma maior atenção às famílias em dificuldades e desestruturadas. Sugeriu por isso uma maior coordenação e partilha entre os vários agentes de ação social e uma maior presença da Doutrina Social da Igreja no anúncio do Evangelho.

No final, D. Manuel, mostrando o seu agrado pela forma como decorreu o encontro, situou-o no espírito sinodal, sonhado pelo saudoso D. António Francisco. Foi marcado um novo encontro para o dia 29 de janeiro de 2019. E foi constituída uma equipa para organizar o próximo encontro e pensar linhas de futuro para a pastoral da cidade: D. Pio Alves, D. António Augusto, padre José Carlos, padre José Eduardo, padre Rubens, padre Almiro, padre António Barbosa.

(inf: padre Emanuel Brandão)