Apagamos as velas das bodas de ouro do Seminário do Bom Pastor. Será que, com elas, também se «apaga» o próprio Seminário?
Olhando para o quantitativo dos alunos atuais, os «bem-pensantes» tirariam essa conclusão. E viriam também os gestores eficientistas asseverar que, com esta «produção», não há outro destino a dar à «empresa» que não seja o seu encerramento. Mas… nada mais falso.
É verdade que, para a Igreja, o tempo é bastante lento. Talvez porque a nossa referência existencial é a própria eternidade… Daqui a dificuldade de assumirmos a “aceleração da história”, de que falava o Concílio. E de construirmos um futuro que não passe pela repetição acriteriosa do passado. Entretanto, não é essa a perspetiva de um Deus que nos garante: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21, 5). E se Deus quer novidade, quem somos nós para nos opormos?
O futuro do Seminário Menor, rigorosamente, não pode ser o mesmo do Maior. Passa pela capacidade de o transformar em grande escola de preparação dos futuros líderes: os sacerdotes e os outros dirigentes ou «condutores» da sociedade. Quer dizer, pois, que o seu «projeto pedagógico» tem de se adaptar às novas exigências: fermentar as personalidades dos alunos na fé e na adesão à Igreja, dotá-los das mais sólidas bases culturais e relacionais, incutir-lhes o espírito de liderança, capacitá-los para a doação social.
É nesta dimensão de excelência que o Seminário tem futuro. Até porque, como dizia o Papa Bento XVI, precisamente num Seminário, o Maior de Roma, “a Igreja renova-se sempre. A Igreja renasce sempre. O futuro é nosso. O futuro é de Deus”.
Mesmo sem se darem conta, intuitivamente, talvez seja esta, também, a chama do testemunho que os muitos “Meninos de Novembro” passam aos poucos alunos da atualidade.
***