
As recentes eleições regionais que tiveram lugar no estado alemão da Baviera, só mereceram um interesse relativo aos observadores da política internacional. E dizemos isto, porque os resultados, embora significativos, não trouxeram qualquer surpresa, tendo em conta todas as sondagens vindas a público nos últimos tempos.
Por António José da Silva
Com cerca de doze milhões de habitantes, na sua maioria católicos, a Baviera é um dos estados mais ricos da Alemanha, uma situação que resulta sobretudo da sua produção tecnológica e industrial. Do ponto de vista político, trata-se de uma região governada desde sempre pela CSU, o partido irmão da CDU, cuja liderança nacional vem sendo exercida, já no seu quarto mandato, pela chanceler Angela Merkel.
Já se sabe há muito que, em política, não é fácil resistir ao desgaste do tempo. Por isso, quando a chanceler alemã avançou para um novo mandato, era generalizada a convicção de que este seria bastante mais complicado que os anteriores. Não por causa da emergência de problemas económicos que afetam geralmente a popularidade dos governantes. Não por via de escândalos suficientemente graves para abalarem a opinião pública.
No caso concreto da Alemanha e da senhora Merkel, pode dizer-se que foi a corajosa política migratória do governo que mais contribuiu para impedir uma nova maioria absoluta da CSU no estado da Baviera, o que certamente acontecerá também com a CDU na maioria dos restantes estados federados, a quando das próximas eleições regionais.
Estas deverão confirmar a queda progressiva dos grande partidos que vêm dominando o mapa político da Alemanha. O fracasso dos grandes partidos tradicionais é um fenómeno transversal (basta atender ao que se passou no Brasil), mas que tem na Europa a sua expressão mais alargada e emblemática.
Na Alemanha, ainda não se pode falar de um mapa político completamente novo, até porque a a coligação CDU/CSU, embora mais fragilizada, permanece ainda como grupo dominante, enquanto o SPD, partido social democrata, continua a ser necessário para qualquer solução governativa estável.
Na França, pode dizer-se que os grandes partidos que fizeram a história política do país no século vinte já desapareceram com o seu nome original, pelo menos à direita Ainda por maioria da razão, o mesmo se pode dizer da Itália, se tivermos em conta a extinção da democracia cristã e as transformações dos partidos socialista e comunista. O grande problema é que a alteração do mapa político da Europa está a fazer-se à custa de partidos democráticos.