
Nesta reta final dos trabalhos sinodais os Padres Sinodais devem compor esta semana o seu documento final. Este nasce do resultado do esforço dos pequenos grupos de trabalho.
Por João Pedro Bizarro
sacerdote a estudar Direito Canónico na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma
Estes onze grupos, divididos por línguas abordaram diversos temas. Tentarei fazer um breve resumo do que por lá se tratou.
Grupo de língua alemã:
pediram que os textos dos cardeias Nichols de Westminster sobre o trafego humano e o do cardeal Blase Cupich de Chicago sobre líderes políticos fossem inseridos na relação final; que a participação das mulheres em lugares de decisão dentro da Igreja seja reforçada; uma séria discussão com os jovens sobre sexualidade e companheirismo; um sério levantamento dentro das dioceses das dificuldades vividas pelos jovens; uma chamada de atenção para que a Igreja vá ao encontro dos jovens, de modo concreto, aqueles que vivem dificuldades; abordaram os escândalos sexuais na igreja.
Grupo de língua inglesa:
a necessidade de se criar instrumentos de trabalho práticos para que os avós e pais sejam os primeiros “professores dos jovens”; capelanias nas escolas e universidades e maior participação dos jovens na liturgia; reimaginar as paróquias como lugares de experiência da Igreja, tríptico Mistério, Comunhão e Missão; a questão dos jovens atraídos sexualmente por pessoas do mesmo sexo, e a questão do género; recomendações para a utilização da net como meio de evangelização.
Grupo de língua italiana:
necessidade de respostas adequadas aos desafios lançados pelos jovens em temas como sexualidade, aborto, marginalização das mulheres e dos pobres; fizeram uma chamada de atenção para que a 3ª secção do Instrumento de Trabalho não resulte numa listagem sem prioridades concretas. Apontaram o serviço aos Pobres, o primado do Evangelho, a formação e a Eucaristia; sinalizaram a grande tendência para uma visão muito ocidental da Igreja; os benefícios e desafios do mundo digital, a relação entre fé e ciência e o avanço da “desorientação espiritual e ética”; abordaram a descriminação da mulher e as questões relacionadas com a sexualidade e atração entre jovens do mesmo sexo, aborto; a falta de oportunidades laborais e o desemprego, exclusão social.
Grupo de língua francesa:
apontam para a falha de no sínodo não ter tido uma representação de jovens casais e de pais para darem testemunho da educação do filhos e da sacramentalidade matrimonial; ter em atenção que a faixa etária dos jovens é muito ampla pelo que requer uma atenção especial na realização de programas pastorais pois esta “é fundada em marcos especiais como passar os exames, o primeiro emprego, encontrar namorado(a) e constituir família; ainda que se fale de juventude esta não pode ser separada de temas como a renovação pastoral e conversão pastoral; da importância de as paróquias, instituições da comunidade e as Dioceses sejam verdadeiros lugares de tomada de decisão; da não necessidade de se criar um dicastério para a juventude pois cria o risco de aumentar o isolamento dos jovens; reforçar o poder dos jovens para que possam ser fonte de diálogo com as fronteiras dos novos paradigmas sociais.
Grupo de língua espanhola:
deve a igreja assumir uma atitude de acolhimento para todos incluindo aqueles com orientações sexuais diferentes; Reconhecem a importância do valor e papel da mulher na Igreja; Abordam as novas tecnologias e os novos problemas como crimes on-line, da pornografia ao ciber-bullying, na necessidade de criar grupos de apoio e materiais para alertar contra estas situações; promover a prática da sinodalidade a todos os grupos da Igreja; os jovens não podem ser só recetores mas devem ser protagonistas da evangelização; tornar a liturgia mais participativa para voltar a encher os bancos das igrejas.
Grupo de língua portuguesa:
curar as “feridas” da globalização através de uma Igreja onde ninguém fique excluído; a importância da piedade popular como fonte de evangelização dos jovens; sugeriu a criação de um Concelho global ou um Observatório para os jovens agregados ao Dicastério para os leigos, família e vida; aprovaram 25 sugestões relativas a outros vários temas. Será a partir destas propostas que sairá o documento final.
Aguardemos este documento e esperamos que o Papa Francisco lhe dê o seu toque pessoal com que já nos habituou!