Mensagem (7): Um cristão, um servidor

Por uma coincidência feliz, quando se celebrava o Dia Mundial das Missões, o Evangelho apresentava-nos a conhecida cena do “pedido” dos irmãos Tiago e João: “Concede-nos a glória de nos sentarmos um à tua direita e outro à tua esquerda”.

Pedagogicamente, o Senhor mostra-lhes que não sabiam o que estavam a pedir. E oferece o seu exemplo pessoal: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos”. Isto é: os dois discípulos pedem honra e glória; o Senhor reclama serviço.

Mas o modelo de Jesus não é só para os filhos de Zebedeu: o paradigma é para quantos d’Ele se aproximam e O reconhecem como a presença de Deus entre nós. Como quem garante: «a partir de agora, fique claro que não é possível ter fé para obter benefícios; pertencer à comunidade que se reúne à minha volta é dispor-se a servir e a dedicar-se inteiramente aos outros».

Mas estamos mesmo convencidos disto? Creio que a maior parte dos cristãos não está. Falta, portanto, fazer a grande «revolução coperniana» na Igreja: deixar de conceber esta como uma central de aquisição de bens espirituais (e até outros…) e passar a senti-la como a «coletividade dos empenhados», o grupo dos serviçais.

Sim, embora com núcleos mais significativos num ou noutro âmbito, um cristão serve na família que educa cristãmente e no trabalho que produz bem-estar para muitos; serve nas estruturas pastorais com as quais se organiza a Paróquia e na vida política que ordena com critérios de consciência; serve na doença e na oração pela coletividade e nas exigências da justiça e da verdade; serve no sacerdócio, na vida religiosa e missionária, mas também na economia, no avanço da ciência e da técnica com as quais o mundo se humaniza.

Mas serve. E se se habituar a servir, o tema da vocação fica praticamente resolvido: apena se coloca a pergunta do «onde» servir e não a questão de fundo de se existe para servir ou para ser servido. Fica resolvida a problemática de todas as vocações, objeto do atual Sínodo. E soluciona-se a carência de padres, religiosos e missionários. Como a não menor míngua de cristãos operantes no mundo.

Então, está na altura de gravar no mais profundo da mente: é cristão aquele que serve; o que não serve não é cristão.
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