Comércio internacional: os riscos de uma outra guerra

Parece que o mundo se libertou recentemente de uma grande ameaça à paz mundial. Referimo-nos à recente aproximação entre as duas Coreias e à surpreendente aproximação entre Washington e o regime norte-coreano.

Por António José da Silva

Dizer isto não significa desvalorizar de todo as guerras locais ou regionais de que vamos tendo notícia com demasiada frequência, e cujos efeitos são sempre dramáticos para as populações que vivem nos territórios onde elas se travam.

Mesmo assim, a impressão que fica é a de que qualquer guerra que não tenha a participação directa ou indirecta das grandes potências não provoca reacções de pânico na opinião pública mundial. Essas parecem estar reservadas para conflitos que envolvam as chamadas potências nucleares.

Hoje, estamos a assistir a uma guerra diferente, uma guerra que não implica a utilização de armas propriamente ditas, chamam-se elas clássicas ou nucleares. É uma guerra que já começou e que, embora não se faça de combates sangrentos, poderá vir a ter consequências graves para o mundo e levar mesmo à tal guerra que tanto receamos. É que os seu principais intervenientes são precisamente as grandes potência .

O comércio internacional constitui uma área propícia à frequente eclosão de tensões entre estados que precisam de comprar ou de vender, nas melhores condições possíveis, os produtos que importam ou que exportam. O fenómeno da globalização tornou ainda mais premente a necessidade de regular este comércio, e foi desta necessidade que nasceu a Organização Mundial do Comércio, instituição criada oficialmente com este nome em 1995, mas que já tinha tido antecedentes. Curiosamente ou não, a República Popular da China foi a últimas das grandes potências a fazer parte da OMC, como passou a ser conhecida..

Na sua campanha eleitoral Donald Trump não chegou a ameaçar esta Organização com o abandono do seu país, mas tornou clara a sua aposta numa política proteccionista, porque, na sua opinião, esta defenderia muito melhor os interesses dos empresários e dos trabalhadores do seu país. Seria a concretização slogan “ América primeiro”

Este anúncio não terá sido, só por si, a justificação do seu triunfo eleitoral, mas terá dado, certamente, um contributo importante para esse objectivo. O que parece é que os apoiantes de Trump não terão avaliado suficientemente o peso da reacção dos outros países, nomeadamente da China que, de momento, lidera a guerra comercial contra ao Estados Unidos. E foi assim que assim chegámos à ameaça de mais um conflito que os americanos se arriscam a perder