Ocidente: liderança precisa-se

Ver o mundo que nos rodeia a partir do nosso próprio mundo, tenha este a dimensão territorial que tiver, é uma tendência mais ou menos generalizada em todos os grupos humanos. Assim sendo, compreende-se que acabemos por julgar os outros e os seus valores, segundo os critérios do mundo a que pertencemos.

Por António José da Silva

Por outras palavras, e no caso dos europeus, segundo os critérios do mundo a que chamamos ocidental, embora seja importante lembrar que esta expressão tem um sentido mais cultural e político do que geográfico. É isso mesmo que nos permite falar de países como o Japão e a Austrália, como se pertencem ao Ocidente.

Nos últimos séculos, aquilo a que chamamos o Ocidente influenciou claramente a evolução do mundo global: da ciência â tecnologia, da cultura à política. Para isso, contou com o peso de personalidades de valor excepcional, que marcaram decisivamente a História da Humanidade em todas essas áreas, sendo que a maioria dessas personalidades nasceu e viveu maioritariamente na Europa e nos Estados Unidos.

Numa perspectiva política, temos de reconhecer que, desde a sua participação nas duas grandes guerras mundiais, os Estados Unidos ultrapassaram claramente a Europa em termos de liderança. Não obstante a importância histórica de algumas figuras europeias como Churchil, de Gaule, ou Adenauer, qualquer inquilino da Casa Branca, independentemente de possuir ou não grandes qualidades humanas ou políticas, acabava por ter no mundo um peso muito maior do que qualquer responsável político do velho continente. Isto, por via da liderança política, militar económica que os Estados Unidos passaram a exercer no mundo, desde então.

Hoje, e pela primeira vez depois de muitos anos, não falta quem pense e afirme que essa liderança já não existe ou que, pelo menos, está seriamente posta em causa. E tudo por causa do seu actual presidente. É verdade que a economia americana ainda não sofreu, pelo menos até ao momento, todas as consequências negativos de uma política presidencial que está a isolar o país e a distanciá-lo cada vez mais dos seus próprios aliados.

No entanto, mesmo que a política económica de Trump não venha a aprofundar esse distanciamento, o actual inquilino da Casa Branca já fez o suficiente para se poder afirmar que os seus aliados, e o mundo em geral, já deixaram de esperar alguma coisa da sua liderança. Isto numa altura em que o Ocidente bem precisa de uma liderança forte e credível.