Começou o Sínodo – leia os primeiros apontamentos sinodais

A pedido do meu amigo Rui Saraiva, durante este mês de Outubro, escreverei algumas considerações sobre a XV assembleia geral do Sínodo dos Bispos. Este versará sobre o papel dos jovens na Igreja.

Apontamentos Sinodais

Por João Pedro Bizarro

sacerdote a estudar em Roma Direito Canónico na Pontifícia Universidade Gregoriana

O cardeal Baldisseri define assim as finalidades deste sínodo: “Este tem como primeiro objetivo tornar conhecida a toda a Igreja da sua importante e por nada facultativa missão de acompanhar cada jovem, nenhum excluído, na direção da alegria do amor. A pastoral Juvenil não é uma opção entre outras tantas (…) Em segundo lugar, uma finalidade fundamental do Sínodo consiste no ampliar do conceito tradicional de vocação e, como consequência, numa ligação mais evidente e consequentemente mais sistemático entre pastoral juvenil e pastoral vocacional. (…) Em terceiro lugar, assumindo seriamente esta missão, a própria Igreja poderá readquirir um renovado dinamismo juvenil: o “rejuvenescimento” da Igreja, que o Sínodo pretende proporcionar, não é outra coisa que aquele «improrrogável renovamento eclesial» do qual Papa Francisco fala programaticamente na Evangelii gaudium.”

Teremos bispos chegados de todo o mundo, em representação de todos os continentes e países a trabalhar sobre um “Instrumento de trabalho” – em latim Instrumentum Laboris – que será um texto base de trabalho.
Para além dos bispos católicos teremos ainda a participação de alguns membros convidados de colégios associações juvenis e de algumas das Igreja separadas como sejam os representantes do Patriarcado Ecuménico, da Igreja Ortodoxa da Roménia, da Federação Luterana Mundial, da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas e do Conselho Mundial das Igrejas. Haverá um convidado especial, Fr. Alois, Prior da Comunidade Ecuménica de Taizé. Estarão cerca de quatrocentas pessoas reunidas em sínodo, sem contar com todo um grande número de outros auxiliares para que este corra pelo melhor.

Mas como se chegou a este Instrumentum Laboris que será a base de trabalhos sinodais? Para chegar a esta resposta temos que recuar ate ao dia 6 de Outubro de 2016 quando o Papa Francisco anuncia o tema do Sínodo dos Bispos mas que só a 13 de Janeiro de 2017 é dado a conhecer com a apresentação do documento preparatório e com uma “Carta aos jovens” do Papa. Nessa carta foi-lhes dito: “Não tenhais medo de ouvir o Espírito que vos sugere escolhas audazes, não hesiteis quando a consciência vos pedir que arrisqueis para seguir o Mestre. Também a Igreja deseja colocar-se à escuta da vossa voz, da vossa sensibilidade, da vossa fé; até das vossas dúvidas e das vossas críticas.

Fazei ouvir o vosso grito, deixai-o ressoar nas comunidades e fazei-o chegar aos pastores.” Este documento preparatório tinha em anexo um questionário com 15 perguntas onde três delas eram específi cas para cada continente. Estas questões estavam direcionadas para aqueles que são responsáveis pelos jovens (Conferências Episcopais, Dioceses, Movimentos juvenis, Secretariados diocesanos e vicariais, etc). Deste modo, as respostas chegadas a Roma foram as mais variadas possíveis onde todos os intervenientes puderam ter uma voz. Esta primeira sondagem a nível mundial levou a realização do Seminário internacional sobre a condição juvenil, de 11 a 15 de Setembro de 2017 com a presença de vários jovens e peritos mundiais. É de recordar que o nosso país esteve representado por três jovens. Foi também lançado um questionário online, traduzido por algumas Conferências Episcopais e que recolheu cerca de 100 mil respostas. Da Diocese do Porto devem ter recebido 80 respostas e destas só 50 dos próprios jovens. Parece-me insignificante tendo em vista o número de jovens existentes. Não chegou a informação ou desinteresse dos jovens? Por fim, realizou-se uma reunião pré-sinodal em Roma, de 19 a 24 de março de 2018 de onde saiu um documento final entregue ao Santo Padre.

De todo este esforço nasce agora este Instrumentum laboris que será a base de trabalho dos Padres Sinodais. Composto por 3 partes e cada parte ilustrada por um verbo – Reconhecer, Interpretar e Escolher – esperamos que se reconheçam os Jovens e a suas dinâmicas muito próprias, para depois interpretar a sua Fé e o seus discernimento vocacional e fi nalmente poder o Sínodo escolher os melhores percursos de conversão pastoral e missionária para proporcionar aos jovens um Discernimento Vocacional.

Consultei o sítio oficial do Vaticano para ter acesso aos documentos sinodais e constato com alguma tristeza que a versão em língua portuguesa não é tão completa como a de língua italiana. Não seria importante que, tendo em vista o número de falantes de português existentes no mundo, os responsáveis valorizassem mais o nosso português

Termino esta primeira crónica desejando felicidade aos nossos representantes, o s Senhores D. António Augusto Azevedo, bispo auxiliar do Porto e por D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa. A eles e a todos os Padres Sinodais desejamos um frutuoso trabalho iluminados pelo Espírito Santo. Rezemos pelo Sínodo e por toda a Igreja.

*sacerdote a estudar em Roma Direito Canónico na Pontifícia Universidade Gregoriana