Bento XVI e os Acólitos Ministrantes

Bento XVI foi acólito ministrante a partir dos seus 8 anos. Isso mesmo recordou em 2 de agosto de 2006, ao receber a peregrinação europeia de acólitos. Por isso, a sua catequese sobre o tema tem o toque da vivência pessoal.

A audiência geral dedicada aos acólitos inseriu-se numa série de catequeses sobre cada um dos apóstolos, focando um aspeto comum aos 12: «eram amigos de Jesus». O mesmo vínculo de amor a Jesus, vivificado pelo Espírito Santo, tem de caracterizar a experiência dos acólitos ministrantes e alimentar o seu apostolado. O que Jesus Cristo disse aos seus apóstolos há dois mil anos – «Já não vos chamo servos… mas amigos;… permanecei no meu amor… e dareis muito fruto» (cf. Jo 15, 9.16) – continua hoje a dizê-lo aos acólitos que devem escutar esta voz com disponibilidade para responder e corresponder à vocação. «A vocação de cada um é diversa, mas Cristo deseja fazer amizade com todos, como fez com Simão, que chamou Pedro, com André, Tiago, João e com os outros Apóstolos… Queridos Acólitos, na realidade vós já sois apóstolos de Jesus!»

A Eucaristia é a fonte e o ápice deste vínculo de amizade. Por isso, os acólitos devem estar particularmente atentos a combater a rotina e habituação na sua participação no mistério eucarístico. De facto, na Eucaristia acontece sempre algo de grandioso: a presença e proximidade do Deus vivo.

O apostolado dos acólitos acontece na Eucaristia e a partir da Eucaristia.

– Na Eucaristia: «A vossa atitude recolhida, a vossa devoção que parte do coração e se exprime nos gestos, no canto, nas respostas: se o fizerdes do modo justo e sem distracções, de um modo qualquer, então o vosso é um testemunho que toca os homens».

– A partir da Eucaristia e para além do serviço litúrgico: os acólitos devem dar «frutos de bondade e de serviço em todos os âmbitos da vida: na família, na escola, no tempo livre. Levai aquele amor que recebeis na Liturgia a todas as pessoas, especialmente onde vos aperceberdes que falta o amor, que não recebem bondade, que sofrem e estão sós. Com a força do Espírito Santo, procurai levar Jesus precisamente àquelas pessoas que são marginalizadas, que não são muito amadas, que tem problemas. Precisamente ali, deveis levar Jesus com a força do Espírito Santo. Assim aquele Pão, que vedes repartir no altar, será ainda partilhado e multiplicado, e vós, como os doze Apóstolos, ajudareis Jesus a distribui-lo entre o povo de hoje, nas diversas situações da vida».

Em 4 de agosto de 2010 o Papa recebeu de novo a Peregrinação do CIM (Confederação Internacional dos Ministrantes). A catequese dessa audiência centrou-se na figura de São Tarcísio cuja estátua, após uma peregrinação por alguns países de centro da Europa, chegava a Roma, onde ia ficar colocada nas Catacumbas de São Calisto.

Comecemos por notar que, na sua alocução, Bento XVI se dirige a «rapazes, raparigas e jovens». Na perspetiva do Papa, a imagem de São Tarcísio deveria «tornar-se um ponto de referência para os acólitos e para aqueles que desejam seguir Jesus mais de perto através da vida sacerdotal, religiosa e missionária».

Bento XVI delineou uma breve biografia de São Tarcísio, mártir da perseguição de Valeriano (15 de agosto de 257). Realça-se a sua juventude, a sua fidelidade ao compromisso cristão, o seu amor à Eucaristia, tesouro precioso que se dispôs a levar aos fiéis prisioneiros por causa da sua fé. Nesse serviço sacrificou a própria vida, defendendo o Santíssimo Sacramento de cair em mãos que o profanassem. O Papa recorda uma tradição «segundo a qual no corpo de São Tarcísio não foi encontrado o Santíssimo Sacramento, nem nas mãos, nem na sua roupa. Explicou-se que a partícula consagrada, defendida com a vida pelo pequeno mártir, se tinha tornado carne da sua carne, formando de tal modo com o seu corpo uma única hóstia imaculada, oferecida a Deus».

A partir deste exemplo, sublinha-se o amor e veneração que os acólitos devem ter pela Eucaristia: «é o próprio Jesus que se faz alimento, sustentáculo e força para o nosso caminho de todos os dias e vereda aberta para a vida eterna; é o maior dom que Jesus nos deixou».