Papa na Letónia: todos nos comprometamos a acolher-nos sem discriminações

Francisco celebrou Missa em Aglona no Santuário da Mãe de Deus e afirmou que Maria quer dar-nos a sua coragem para permanecermos firmes de pé, acolhendo os que sofrem apostando na fraternidade universal.

Por Rui Saraiva

O Papa Francisco na sua viagem pelos países bálticos esteve na Letónia. Passou a manhã do dia 24 de setembro na capital Riga e depois rumou a Aglona, uma cidade com cerca de 300 mil habitantes onde está o Santuário Internacional da Mãe de Deus. Um centro da devoção dos letões à Virgem Maria que conheceu a opressão dos regimes nazista e comunista. Hoje em dia chegam fiéis de todo o mundo. E foi neste Santuário que o Papa celebrou a Eucaristia.

Na sua homilia, Francisco referiu o lema desta visita: “Mostrai-vos Mãe”. “O Evangelho de João refere apenas dois momentos em que a vida de Jesus cruza a de sua Mãe: as bodas de Caná e o texto que acabamos de ler, ou seja, Maria aos pés da cruz” – assinalou o Papa recordando a firmeza de Maria junto de seu Filho, exatamente o modo como os cristãos devem estar junto daqueles “que padecem uma realidade dolorosa”.

“Os descartados da sociedade podem experimentar esta Mãe delicadamente próxima” através do acolhimento que lhes devemos dar seguindo o exemplo de Maria que “é convidada por Jesus a aceitar o discípulo amado como seu filho” – afirmou o Papa.

“Peço-vos do fundo do meu coração que não deixeis que a vingança ou a irritação abram caminho no vosso coração. Se o permitíssemos, não seríamos cristãos verdadeiros, mas fanáticos” – disse o Papa recordando que “num período em que parecem voltar mentalidades que nos convidam a desconfiar dos outros, que querem demonstrar-nos com estatísticas que estaremos melhor, teremos mais prosperidade, haveria mais segurança, se estivéssemos sozinhos, Maria e os discípulos destas terras convidam-nos a acolher, a apostar de novo no irmão, na fraternidade universal” – declarou Francisco.

O Santo Padre lembrou também que nas bodas de Caná, um “matrimónio que ficara sem vinho” e que podia tornar-se “árido de amor e alegria”, foi Maria “quem ordenou que fizessem o que Ele lhes dissesse”. E o Papa concluiu a sua homilia exortando os fiéis a privilegiarem os mais pobres assumindo a firmeza, a coragem e a humildade cristãs:

“Aos pés da cruz, Maria lembra-nos a alegria de termos sido reconhecidos como seus filhos, e seu Filho Jesus convida-nos a levá-La para casa, a colocá-La no centro da nossa vida. Ela quer dar-nos a sua coragem para permanecermos firmes de pé; a sua humildade, que Lhe permite adaptar-Se às coordenadas de cada momento da história; e clama neste santuário por que todos nos comprometamos a acolher-nos sem discriminações, e todos, na Letónia, saibam que estamos dispostos a privilegiar os mais pobres, a levantar aqueles que caíram e a acolher os outros à medida que chegam e se apresentam diante de nós” – disse o Papa no final da sua homilia no Santuário da Mãe de Deus em Aglona na Letónia.