
Foi apresentado neste sábado 15 de setembro de 2018 um livro singular. Advém a sua singularidade da conjunção de diversos factores. O primeiro é que na sua maioria é constituído por textos publicados na Voz Portucalense, ao longo de vários anos. O segundo é que se desenvolve em torno de personalidades e acontecimentos em ação ou relação com a Igreja do Porto, desde os seus bispos a outras entidades da vida da Igreja diocesana. O terceiro é o tom e o olhar pessoal e vivencial com que são olhadas as pessoas e os acontecimentos. A quarta é que foram sugeridos por um bispo cujo primeiro aniversário do falecimento ocorre neste dia 24 de setembro de 2018: D. Manuel da Silva Martins. Como se tudo fora pouco, o autor, João Alves Dias deu à apresentação um ar original de evento sócio-familiar: esposa, filhos e netos, condiscípulos antigos e modernos, gentes com quem trabalhou na docência e nas tarefas longas dos dias da profissão e dos dias da pós profissão, que são aqueles com que muitos continuam a contribuir para o bem da sociedade.
Esta é a história do volume de 288 páginas, com um título entre o poético e o simbólico: “O Sonho e as Estrelas”. O sonho passa pelos dias da vida, ou pelos sucessivos hinos à vida que encerra. As estrelas são fi guras grandiosos do mundo da Igreja e da sociedade (só revelo alguns dos maiores: D. Manuel Martins, o Papa Francisco, D. António Ferreira Gomes, Narciso Rodrigues, D. Domingos de Pinho Brandão, até António Francisco e Manuel Linda). Há lá também fi guras da Voz Portucalense: Álvaro Madureira (o primeiro diretor), Rui Osório (o primeiro chefe de redação), D. Serafi m Ferreira e Silva e Raimundo de Castro Meireles, ou Fernando Milheiro, antigos diretores, Leonel Oliveira e Mário Salgueirinho. Lá estão também personalidades como António Guterres, Marcelo Rebelo de Sousa, D. José Policarpo, Francisco Sá Carneiro, Nelson Mandela, Teilhard de Chardin e Galileu Galilei. Ou compositores como A. Ferreira dos Santos ou Jordi Savall, ou artistas do sagrado, como José Rodrigues ou Júlio Resende. Ou jornalistas eméritos, como Manuel António Pina, ou cineastas como Manoel de Oliveira.
Por isso dizia no título que o livro conta a vida da Igreja do Porto. E das suas gentes, que também são Igreja. Isso mesmo evidenciou Fernando Milheiro na oportuna apresentação que fez da obra: São páginas de grande sabedoria. Trata-se de um verdadeiro “hino de louvor à vida e de gratidão e aos encontros que ela nos oferece”. E é uma excelente forma de manter viva uma memória que, mesmo publicada em jornal, depressa desapareceria. As 288 páginas são apresentadas à maneira de uma sinfonia com abertura, prelúdio, sete andamentos, os acordes fi nais e “encore”: uma palavra de D. Manuel Martins e do cardeal António Marto. Revela um autor de coração bem aberto que escutou, viu e meteu no coração pessoas e acontecimentos, e que soube oferecê-los para que muitos possam saborear melhor a vida que passa e os vindouros conheçam páginas de ouro dos tempos recentes”. Aqui fi ca pois esta breve homenagem a um escrito, do qual escrevemos como D. Manuel Martins, em 5 de junho de 2017, três meses antes da sua morte: “Trata-se de um livro mais que atual”. (CF)