
D. Manuel Linda, bispo do Porto e os representantes da Comunidade Judaica do Porto, o Presidente, Dias Zion, e o Rabino, Daniel Litvak, assinaram um acordo de amizade e cooperação.
Por Rui Saraiva
Foi na segunda-feira dia 17 de setembro que teve lugar no Paço Episcopal do Porto um importante e significativo momento de amizade e diálogo inter-religioso: os líderes das comunidades católica e judaica assinaram um protocolo de amizade e cooperação. Um texto que teve como subscritores o bispo do Porto, D. Manuel Linda, o Presidente da Direção da Comunidade Judaica do Porto, Dias Zion, cuja família é originária da comunidade judaica portuguesa de Esmirna, e o Rabino-Chefe do Porto, Daniel Litvak, reconhecido pelo Grão Rabinato de Israel.
Faziam parte da delegação da Comunidade Judaica do Porto a este evento, Michael Rothwell, membro da Direção com o pelouro das relações inter-religiosas, e Jonathan Rideau, delegado da Direção, cuja família é originária da comunidade judaica portuguesa de Túnis.
Os grandes objetivos da assinatura deste protocolo são a amizade e a cooperação entre as duas confissões religiosas e assinala, assim, as “ótimas relações de amizade” entre as Comunidades Católica e Judaica do Porto que coabitam pacificamente “mesmo desde antes da fundação de Portugal” – como refere o texto do protocolo a que a VP teve acesso.
Segundo refere o articulado do protocolo, é intenção comum de ambas as comunidades, Católica e Judaica, no Porto, procurarem uma “colaboração na área social” assumindo o compromisso de cooperar em “obras assistenciais conjuntas”. O objetivo é “resgatar para a vida digna muitos daqueles que estão presos nas amarras da pobreza, do vício letal ou da miséria moral” – pode-se ler no texto do protocolo.
Para o futuro este acordo de amizade e cooperação entre a Diocese do Porto e a Comunidade Judaica do Porto lança um aprofundamento das “boas relações”, do “respeito mútuo” e da “amizade”. Um compromisso que será consubstanciado em “encontros habituais” que visam conduzir os membros de ambas as comunidades “no respeito pelas suas diferenças, na cooperação e na amizade recíproca” – assinala o texto do acordo.
A Comunidade Judaica do Porto conglomera a Pessoa Colectiva Religiosa denominada “Comunidade Israelita do Porto/Comunidade Judaica do Porto” e todos os seus membros, bem como o Rabinato do Porto (constituído por dois rabinos e reconhecido pelo Grão Rabinato de Israel) e a sinagoga Kadoorie Mekor Haim, a maior da Península Ibérica.
Recordemos que a Comunidade Judaica do Porto foi fundada há 95 anos e tem como fins a prática da religião judaica, a difusão da cultura hebraica e a promoção de um mundo melhor, sendo composta por três centenas de membros: uns sefarditas (originários de comunidades de origem portuguesa e castelhana) e outros ashkenazim (de famílias originárias da Europa Central e de Leste). Para além da sinagoga, dirigida por dois rabinos (um ashkenazi e um sefardita), a Comunidade Judaica do Porto tutela o Museu Judaico do Porto, sito na Rua de Guerra Junqueiro n.º 325, e recebe anualmente a visita de cerca de 10 mil crianças de escolas portuguesas.