Na Dedicação da Catedral ação de graças por D. Pio Alves e D. António Barroso

A Catedral do Porto viu ser evocada a sua Dedicação numa celebração onde pontificaram o espírito sacerdotal nas bodas de ouro de D. Pio Alves e a firmeza de um bispo, no centenário do falecimento de D. António Barroso.

Por Rui Saraiva

No domingo dia 9 de setembro, Dia da Dedicação da Catedral do Porto, a diocese reuniu-se para celebrar os 50 anos da ordenação sacerdotal de D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto e o centenário da morte do Venerável D. António Barroso. Uma data que recorda o grande evento de 2017 que foi a peregrinação diocesana a Fátima, poucos dias antes do falecimento de D. António Francisco dos Santos.

Gratidão e reconhecimento

Foi com simplicidade e reconhecimento que na entrada do presbitério da Catedral o báculo episcopal passou da mão de D. Manuel Linda, bispo do Porto, para a mão de D. Pio Alves, administrador apostólico da diocese entre 2013 e 2014 e que neste domingo presidiu à Eucaristia. Dos bispos presentes destaque para o Cardeal António Marto que assim regressou, por breves momentos, a uma diocese onde passou longos anos da sua vida e D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga.

Para além dos bispos auxiliares do Porto D. António Taipa e D. António Augusto Azevedo, estiveram nesta celebração os seguintes bispos: D. Anacleto Oliveira de Viana do Castelo, D. Amândio Tomás, bispo de Vila Real, D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, D. Virgílio do Nascimento Antunes, bispo de Coimbra, D. Manuel Felício, bispo da Guarda e D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa. Presente também D. Gilberto Reis, bispo emérito de Setúbal e Mons. José Rafael Espírito Santo da Prelatura da Santa Cruz do Opus Dei.

No início da celebração, D. Manuel Linda dirigiu a D. Pio Alves palavras de reconhecimento pelo percurso sacerdotal atingido, enaltecendo o trabalho desenvolvido nas dioceses de Braga, Viana do Castelo e Porto. O bispo do Porto deu graças pelo dom da vida de D. Pio Alves e agradeceu o seu serviço à diocese do Porto. Registou a presença de sacerdotes e do povo de Deus e sublinhou como é importante a Igreja do Porto “ser uma Igreja unida na diversidade dos seus carismas”.

Ser entendido ou curar a própria surdez?

Na sua homilia, D. Pio Alves agradeceu “penhoradamente” todos os que estiveram presentes para “dar graças a Deus por 50 anos de sacerdócio.” Recordou a sua família e a comunidade paroquial de Lanheses; a passagem pelos Seminários de Braga e o dia da sua ordenação; os locais por onde passou e a sua chegada ao Porto.

Lembrou bispos, sacerdotes e colaboradores das muitas atividades e serviços por onde passou dando “graças a Deus pelos amigos” que foi “deixando nos diferentes lugares e serviços”.

Centralizando a sua homilia no texto sagrado do dia, D. Pio Alves recordou o Evangelho de S. Marcos e a cura de “um surdo que mal podia falar”. Jesus cura-lhe a surdez e ele começa a falar corretamente. D. Pio Alves lançou a seguinte pista de reflexão: “é prioritário que nos entendam ou, antes, será prioritário curar a nossa surdez? É que, sem ouvir, sem ouvir Deus, corremos o risco de que a linguagem, os modos, sejam a mensagem ou, dito de outro modo, sejamos nós a mensagem. E nós interessamos pouco ou nada” – afirmou.

Tempo ainda homilia de D. Pio Alves para recordar o Papa Bento XVI e a sua Encíclica “Caritas in Veritate” que serviu para o seu lema episcopal. Em particular, a seguinte frase: “sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente.”

Estas palavras, disse D. Pio, querem “despertar uma oportunidade de exame da nossa comum condição de discípulos, de “discípulos missionários”, como nos recorda o nosso Plano Diocesano de Pastoral para este ano” – assinalou.

Pela beatificação de D. António Barroso

As últimas palavras da homilia de D. Pio Alves foram a propósito do centenário do Venerável D. António Barroso:

“Evocamos também a memória de um dos seus fiéis antecessores – D. António Barroso – no centenário da sua morte. O báculo que hoje (como habitualmente) usamos nas celebrações na catedral foi o seu báculo. Um báculo pesado mas consistente! É assim o governo da Diocese!”

“Pedimos a Deus a rápida evolução do processo canónico que conduzirá à sua beatificação. Que o seu desassombro no amor à verdade, que a amplitude dos seus horizontes, que a heroicidade das suas virtudes, que a sua intercessão nos ajudem a servir a todos e a cada um na Igreja de Jesus Cristo” – declarou D. Pio Alves no final da sua homilia.