Mensagem: O bispo

Pelo menos, a partir do século III, no rito de ordenação do bispo implora-se sempre o dom do “Espírito que governa e guia”. E no nº 6 do Diretório para o ministério pastoral dos bispos afirma-se que “entre os dons do Espírito, destaca-se a graça da condução”.

Governar e guiar ou conduzir nunca foram tarefas fáceis. Mas, porventura, tornaram-se mais difíceis com a modernidade que repousa imensamente na noção de indivíduo (quando não no individualismo), em detrimento da predominante ideia de coletividade ou povo, típica da antiguidade. E o indivíduo autodetermina-se; o povo sabe que necessita de guia.

Para mais, em Igreja, a condução não se faz pela força do tribunal e da polícia, mas sim pela persuasão moral do seguimento. Por isso, o bispo tem de ser o exemplo, o modelo, o guia. E se este modelo for credível, o povo segue-o.

Assim acontece com os três nomes que, nestes dias, mais se destacam na nossa Diocese do Porto e concedem pretexto a duas grandes celebrações: D. António Barroso e o centenário da sua morte, D. Pio Alves de Sousa e as suas bodas de ouro sacerdotais e D. António Francisco dos Santos e o primeiro ano do seu passamento para o Pai.

Ao primeiro devemos o martírio heroico da defesa intransigente da sua Igreja perante o poder político absorvedor. No segundo, admiramos a força da convicção, a solidez doutrinal e o reto ordenamento da razão. O último deixou memória que perdurará porque acreditou na pessoa como aceitou Deus: com serenidade, confiança, proximidade, simpatia, afetividade.

Por isso, cada um à sua maneira, constituem verdadeiros dons de Deus à Igreja e obtiveram o elogio e o reconhecimento do seu povo. A Diocese do Porto está-lhes agradecida e sabe bem que eles têm lugar cimeiro no seu património imaterial.

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