Barcelos e Porto celebram centenário da morte de D. António Barroso

No dia 31 de agosto de 2018, numa colaboração entre a Câmara Municipal de Barcelos e a postulação do processo de canonização de D. António Barroso, bispo do Porto de 1899 a 1918,missionário pelas terras do Congo, de Moçambique e da Índia, natural da freguesia de Remelhe daquele concelho de Barcelos, recordaram o centenário da sua morte, ocorrida em 31 de agosto de 1918, na cidade do Porto. A Câmara de Barcelos celebrava também nesse dia os 90 anos da elevação a cidade.

Uma celebração na manhã desse dia e uma sessão solene à noite assinalaram o acontecimento. Também no domingo 2 de setembro, na igreja paroquial de Remelhe, sua terra natal e terra do seu exílio entre 1911 e 1914, D. Jorge Ortiga presidiu a uma celebração comemorativa, em que foi recordada a sua figura e ação, que foi transmitida pela TVI.

Na sessão da noite de 31 de agosto, aniversário da sua morte, na sessão solene realizada no salão nobre da Câmara Municipal, sob a presidência de Maria Armandina Saleiro, foram apresentadas duas conferências, subordinadas ao tema “D. António Barroso e a sua terra natal”, pelo padre jesuíta barcelense António Júlio Limpo Trigueiros,
e “D. António Barroso: Bispo do Porto e Venerável da Igreja Católica”, por D. Carlos Azevedo, Bispo e membro da Comissão Pontifícia da Cultura do Vaticano.

O encontro foi moderado por Manuel Vilas Boas, jornalista da TSF. António Trigueiros, jesuíta e diretor da revista Brotéria oriundo da família de Remelhe, recordou D. António Barroso, nas suas locais origens humildes daquela terra, mas recorrendo à conhecida frase de António Vieira, “teve para morrer toda a terra”. Recordou os anos da sua formação, os anos da sua missionação até Meliapor na Índia e a sua nomeação para Bispo do Porto, bem como os anos de exílio naquela mesma terra, onde sempre afirmou a sua condição de Bispo do Porto, através da ordenação na pequena capela de S. Tiago de mais de sessenta sacerdotes para a diocese.

D. Carlos Azevedo salientou sobretudo a sua intervenção como Bispo do Porto, referindo a publicação de 28 cartas pastorais, e o facto de ter celebrado na capela de S. Tiago o seu aniversário como Bispo do Porto: “celebrei na minha capela com menos solenidade, mas com a mesma fé” como se fosse na catedral.

Entre as qualidades enunciadas, exaltou a sua permanente fidelidades ao Papa, a sua capacidades de abnegação, de bondade e disponibilidades pastoral, a atenção à realidade concreta da diocese, a consciência do que chamava “o maior inimigo da Igreja, a ignorância religiosa”, propondo como remédios “a virtude, a caridade e a educação”.

Exaltou também o seu discernimento pastoral, a defesa da independência da Igreja em relação ao Estado, o seu caráter intemerato, ao afirmar que não morreria de parto nem de medo, inquebrantável na sua decisão. Recordou afirmações de muitos a quando da sua morte: “o mais amoroso dos prelados”, “o Bispo era um santo”, “falava como nós, pessoa simples como nós, bom para todos”.

Lembrou a sua “intrépida coragem evangélica” referida na oração fúnebre pelo Cónego Correia Pinto. Das palavras de Carlos Azevedo poderá retirar-se a ilação de um próximo reconhecimento oficial da sua santidade, na esteira da declaração já proclama pela Santa Sé das suas virtudes heroicas. Recorde-se que a diocese do Porto fará a celebração solene da memória da sua morte no domingo 9 de setembro, às 16h30, em celebração presidida por D. Manuel Linda, Bispo do Porto.