Em Fátima, a peregrinação aniversária de 13 de agosto, especialmente dedicada aos migrantes e aos refugiados, foi presidida este ano pelo cardeal Arlindo Furtado. O bispo de Santiago, em Cabo Verde, exortou as autoridades e governos a encontrarem uma “solução duradoira e pacífica” para a crise dos migrantes e refugiados.
Por Rui Saraiva
O purpurado cabo-verdiano, durante a Missa no Recinto do Santuário, assinalou também na sua homilia a necessidade de acolher o outro, sublinhando que a diversidade deve ser “considerada como riqueza”.
O cardeal Furtado começou por referir a força da Palavra de Deus nas leituras proclamadas na celebração, em particular, o Evangelho de S. Mateus que apresentava “Jesus Menino, Maria e José, a Sagrada Família, na estrada da migração, em viagem de ida ao Egito e de regresso” – recordou o purpurado.
Num mundo onde existem mais de 65 milhões de refugiados é “urgentíssimo” valorizar o acolhimento – disse o cardeal Furtado:
“Por isso, é urgentíssimo que as consciências se despertem e produzam ações concretas em favor dos refugiados, a começar pela ação de acolher, acolher o irmão nalgum ponto da Terra, que é, afinal, pertença de Deus.”
O cardeal Arlindo Furtado recordou os quatro verbos propostos pelo Papa Francisco para ajudar migrantes e refugiados: “acolher, proteger, promover e integrar”. O purpurado considerou que estas ações propostas pelo Papa interpelam “vivamente a consciência de todos, não deixando ninguém indiferente”.
O cardeal Furtado dirigiu-se diretamente aos governos e às autoridades políticas dos Estados Unidos e da Europa e dos países de origem dos refugiados exortando-os a procurarem uma solução duradoira para a crise migratória:
“Os governos e as autoridades políticas dos Estados Unidos e da Europa, por um lado, e dos países de onde partem esses irmãos, por outro lado, têm o dever moral de abrir a inteligência e o coração e de se unir em vista duma solução duradoira e pacífica para os gravíssimos problemas dos migrantes em geral e dos refugiados em especial.”
O cardeal Arlindo Furtado dirigiu-se também aos muitos migrantes presentes na celebração, apelando para “nunca negligenciarem a transmissão da fé cristã aos próprios filhos, como a melhor herança” – afirmou.
O purpurado assinalou que é possível encontrar soluções no âmbito de uma “comunidade de fé”, confiando na oração e sendo “fermento de humanização”. Através da fé na Igreja de Jesus Cristo é possível encontrar “soluções globais para crises globais” – declarou o cardeal Arlindo Furtado:
“Trata-se da fé da Igreja de Jesus Cristo, que faz de todos membros de uma só comunidade. Uma comunidade de fé, chamada a ser «fermento de humanização» através dos valores cristãos num mundo globalizado, desafiado hoje a encontrar soluções globais para crises globais, como é o da migração e dos refugiados. Tais soluções são possíveis.”
Foi com esta palavra de esperança que o Cardeal Arlindo Furtado, bispo de Santiago, em Cabo Verde, concluiu a sua homilia no Santuário de Fátima na peregrinação aniversária de agosto que contou com 23 grupos organizados vindos de 20 países.
Recordamos que decorre esta semana, até domingo dia 19, a 46ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Comissão Episcopal da Mobilidade Humana e que propõe o seguinte tema de reflexão: “Cada forasteiro é ocasião de encontro – Migrantes e Refugiados no caminho de Cristo”.