Peregrinação Internacional dos Acólitos a Roma

Foto: Vatican News

O Papa Francisco esteve com acólitos de 18 países no âmbito da 12ª Peregrinação Internacional dos Acólitos a Roma que decorre de 30 de julho a 3 de agosto organizada pela Coetus Internationalis Ministrantium (CIM).

São mais de 80 mil os acólitos chegados a Roma vindos de  Itália, França, Bélgica, Croácia, Luxemburgo, Áustria, Portugal, Romênia, Suíça, Sérvia, Eslováquia, República Tcheca, Ucrânia, Hungria, Polônia, mas também dos Estados Unidos, Antigua e Barbuda. Presente também uma delegação da diocese do Porto.

Busca a paz e vai ao seu encalço“(Salmo 33,15b) é o lema escolhido para o evento que teve um ponto alto no encontro com o Papa Francisco na Praça de S. Pedro, no final da tarde de terça-feira, 31 de julho.

O Santo Padre respondeu a algumas perguntas. Publicamos aqui a transcrição desse momento em material divulgado pelo Vatican News, o portal de notícias do Vaticano:

 [Primeira pergunta em língua francesa]

Santo Padre, como acólitos e também como crentes, damos a paz um ao outro, dando-nos o sinal de paz durante a Santa Missa. Como podemos contribuir a fazer sair essa paz também fora dos muros das nossas igrejas e sermos construtores de paz nas nossas famílias, nos nossos países e no mundo?

Resposta 1

Obrigado! Tu falaste muito bem: a paz e a Santa Missa vão juntas. Antes do sinal da paz, pedimos ao Senhor que dê paz e unidade à comunidade da Igreja. A paz é o Seu dom que nos transforma, para que nós, como membros do Seu corpo, possamos sentir os mesmos sentimentos de Jesus, possamos pensar como Ele pensa, amar como Ele ama. E no final da Missa somos enviados com a palavra: “Ide em paz”. O compromisso concreto em prol da paz é a prova de que somos de verdade discípulos de Jesus. A busca da paz começa pelas pequenas coisas. Por exemplo, em casa, depois de uma briga entre irmãos eu fecho-me em mim mesmo, fazendo-me de ofendido, ou esforço-me por dar um passo em direção do outro? Estou pronto para me perguntar a mim mesmo em cada situação: “O que Jesus faria no meu lugar?”. Se fizermos isso e procurarmos pôr em prática com firmeza, levaremos a paz de Cristo na vida de cada dia e seremos construtores e instrumentos de paz.

[Segunda pergunta em língua portuguesa]

Santo Padre, somos acólitos. Servimos o Senhor junto do altar e contemplamo-Lo na Eucaristia. Como poderemos viver a contemplação espiritual a exemplo de Maria e o serviço prático a exemplo de Marta, procurando reconhecer concretamente, na nossa vida, aquilo que Jesus quer de nós?

Resposta 2

Como acólitos, na verdade, vocês fazem a experiência de Marta e Maria. É bom que, para além das vossas atividades de serviço litúrgico, vocês saibam por um lado comprometer-se na vida paroquial e por outro lado ficar em silêncio na presença do Senhor. E, assim, neste entrelaçamento de ação e contemplação, também se reconhece o desígnio de Deus para nós: pode-se ver quais são os talentos e os interesses que Deus coloca no nosso coração e como desenvolvê-los; mas sobretudo, nós nos colocamos humildemente diante de Deus, assim como nós somos, com nossas qualidades e nossos limites, pedindo-Lhe como melhor servir Ele e nosso próximo. E não tenham medo de pedir um bom conselho sempre que vocês se perguntarem como podem servir Deus e as pessoas que precisam de ajuda no mundo. Lembrem-se de que, quanto mais vocês se doarem aos outros, tanto mais vão receber em plenitude vocês próprios e vão ficar felizes!

[Terceira pergunta em língua inglesa]

Santo Padre, sendo acólitos, entristece-nos ver poucos da nossa idade que participam da Santa Missa e da vida paroquial. A Igreja, em alguns países, está perdendo rapidamente, por diferentes razões, muitos jovens. Como podemos nós e nossas comunidades alcançar essas pessoas e trazê-las de volta a Cristo e à família da Igreja?

Resposta 3

Hoje vocês, como jovens, podem ser apóstolos que sabem atrair os outros a Jesus.  Isso vai acontecer se vocês estiverem cheios de entusiasmo por Ele, se vocês já encontraram e conheceram Ele pessoalmente e foram, vocês por primeiros,  “conquistados” por Ele. Por isso eu vos digo: procurem conhecer e amar cada vez mais o Senhor Jesus, encontrando-O na oração, na Missa, na leitura do Evangelho, no rosto dos pequenos e dos pobres. E procurem ser amigos, com gratuidade, de quem está ao seu redor, para que um raio de luz de Jesus possa chegar até ele através do coração de vocês apaixonado por Ele. Não são necessárias muitas palavras, são mais importantes os factos, a proximidade, o serviço. Os jovens – como todos, na realidade  – precisam de amigos que deem o bom exemplo, que façam sem pretender, sem esperar algo em troca. E deste modo vocês também fazem sentir como é bonita a comunidade dos crentes, pois o Senhor habita entre eles, como é bom fazer parte da família da Igreja.

[Quarta pergunta em língua alemã]

Santo Padre, muitas pessoas dizem que não precisam de Deus, da religião e da Igreja nas suas vidas. Por que é que alguém deveria decidir precisamente pela fé católica? Qual é a coisa mais importante? E porque é que a fé é tão importante para si?

Resposta 4

A fé é essencial, faz-me viver. Eu diria que a fé é como o ar que respiramos. Não pensamos, a cada respiro, em quanto necessário seja o ar, mas quando falta ou não está limpo, reparamos o quanto é importante! A fé nos ajuda a entender o sentido da vida: existe alguém que nos ama infinitamente, e este alguém é Deus. Podemos reconhecer Deus como nosso criador e salvador; amar Deus e acolher a nossa vida como um dom Seu. Deus quer entrar num relacionamento vital connosco; quer criar relações e nós somos chamados a fazer a mesma coisa. Não podemos acreditar em Deus e pensar que somos filhos únicos! Todos somos filhos de Deus. Somos chamados a formar a família de Deus, ou seja a Igreja, a comunidade de irmãos e irmãs em Cristo – somos « familiares de Deus» como diz São Paulo (Ef 2,19). E nesta família da Igreja o Senhor alimenta seus filhos com Sua Palavra e Seus Sacramentos.

[Quinta pergunta em língua húngara]

Santo Padre, nosso serviço de acólitos é bonito, gostamos muito. Queremos servir ao Senhor e ao próximo. Mas fazer o bem nem sempre é fácil, ainda não somos santos. Como podemos traduzir nosso serviço, na vida quotidiana, em obras concretas de caridade num caminho de santidade?

Resposta 5

Sim, é preciso esforço para fazer sempre o bem e nos tornarmos santos… Vejo que vocês acólitos  estão comprometidos neste caminho. O Senhor Jesus deu-nos um programa simples para caminharmos rumo à santidade: o mandamento do amor de Deus e do próximo. Procuremos estar bem enraizados na amizade com Deus, agradecidos pelo seu amor e desejosos de servi-Lo em tudo, e assim não podemos fazer outra coisa senão compartilhar o dom do Seu amor com os outros. E para concretizarmos o mandamento do amor, Jesus indicou-nos as obras de misericórdia. Elas são um caminho desafiador, mas ao alcance de todos. É suficiente que cada um de nós comece a se perguntar: “O que eu posso fazer hoje para ir ao encontro das necessidades do meu próximo?”. E não importa se seja amigo ou desconhecido, compatriota ou estrangeiro. Acreditem, assim fazendo vocês podem-se tornar verdadeiramente santos, homens e mulheres que transformam o mundo vivendo o amor de Cristo.

Obrigado por este diálogo!