
Por Lino Maia
Situado na “periferia” do distrito portuense, o concelho de Baião, com as suas 14 freguesias, confronta-se com concelhos de outras “periferias”: Mesão Frio e Peso da Régua (Vila Real) e Cinfães e Resende (Viseu).
Em 1933, sensível aos sofrimentos das periferias, Mário Miranda, médico baionense, providenciou pela constituição de uma Santa Casa da Misericórdia para dotar aquela terra de um hospital. Adquirido um terreno, assegurado algum apoio público, mobilizada a população e realizados cortejos de oferendas, já na década de cinquenta aquela Misericórdia tinha o “seu” Hospital. E foi seu até ser nacionalizado em 1975…
Constituída para bem servir, a Misericórdia de Baião soube sobreviver. Com arte e engenho (e sempre em comunhão com a população local), a partir de 1982, voltou-se para outros serviços de apoio social em quatro grandes áreas de intervenção: deficiência, intervenção comunitária, saúde e terceira idade.
Servida por um dedicado e competente provedor, o Engº José Manuel Carvalho (acompanhado por uma muito leal mesa administrativa), agora, para além de promover Atividades Socialmente Úteis (ASUS’s) e de dispor do Núcleo de Desporto Adaptado (com as modalidades de atletismo, bócio e natação – com uma campeã nacional de 200 metros costas), a Misericórdia de Baião, para as pessoas com deficiência, tem os Centros de Atividades Ocupacionais (CAO) de Chavães e Mesquinhata (para um conjunto de 55 utentes, que são apoiados por transportes sem custos para os utilizadores).
Para a Intervenção social na Comunidade, a Misericórdia acompanha o Rendimento Social de Inserção (RSI), assegura um Gabinete de Inserção Profissional (GIP), desenvolve o Programa Operacional de Apoio às Pessoas mais Carenciadas (POAPMC), tem em expansão um Contrato Local de Desenvolvimento Social (CLDS 3G “Integrar Baião”) e, integrando a RLIS, disponibiliza um Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS) em cada uma das freguesias de metade do concelho (a outra metade está confiada à OBER). Com a informalidade da proximidade e da sensibilidade, entre muitos outros benefícios, a população local tem visto como os empresários locais são atraídos para a empregabilidade dos que são mobilizados e formados pela Misericórdia e tem beneficiado com a agilidade inovadora da troca de bens e serviços, particularmente através do “espaço social júnior” da Misericórdia.
No apoio à saúde, para além de ter protocolos com várias instituições da área, a Santa Casa dispõe de uma Clínica Médica, com várias especialidades médicas (só no último ano ali decorreram 3.590 consultas), de um Gabinete de Terapias Manuais e de um Centro de Medicina Física e de Reabilitação.
Para apoiar os mais velhos, a Misericórdia disponibiliza um Serviço de Apoio Domiciliário (33 utentes) e, para um total de 95 utentes, tem dois lares: o de S. Bartolomeu (ali foi instalado o primeiro elevador em todo o concelho) e o de Santa Marinha.
Com os mais de cem colaboradores e enfrentando os desafios de bem servir toda a comunidade e privilegiando os mais carenciados, logo depois da Autarquia, a Misericórdia de Baião, é a principal empregadora concelhia.
Quantos hoje, em Baião, vivem melhor e com esperança e mais futuro! Quanto bem e como o bem é bem feito numa periferia que, graças à Misericórdia, deixou de o ser tão periférica!..