
Por Joaquim Armindo
Uma questão que se tem colocado na última semana é a da pesca da sardinha. Os técnicos especialistas referem a inevitabilidade de um defeso prolongado, e os pescadores a possibilidade de não terem trabalho. Temos aqui uma questão de sabermos cuidar ou não da nossa Casa Comum. A defesa do nosso planeta passa pela inteligência de não delapidarmos o património que nos é dado para cuidarmos. A voracidade com que alguns tratam os nossos mares, pode colocar em questão a nossa sobrevivência. Também aqui no caso da sardinha. Esta só pode ser salva por intermédio da concretização da sustentabilidade: a económica, a social, a ambiental e a cultural. A sardinha enquanto ser vivo é entendível na sua dimensão do desenvolvimento sustentável. A sua defesa não pode ter lugar nas caraterísticas de uma “economia que mata”.
De acordo com os números fornecidos pelo INE, Portugal consome, em junho, um milhão de sardinhas por dia, isto é, treze sardinhas por segundo. Tem-se vindo a sentir, na vertente económica, que as importações crescem, enquanto as exportações começam a cair. Mesmo assim Portugal exporta mais do que importa, nomeadamente no setor conserveiro, cerca de 6 milhões de toneladas. Já na sustentabilidade ambiental os stokes de sardinha diminuem, existem mais sardinhas capturadas do que nascidas, com tendências para uma diminuição destas, o que se observa desde 1978. É uma descida da biomassa acentuada. Para além disso, no Oceano Atlântico a par dos plásticos, existem metais pesados em sentido crescente.
Socialmente, a sardinha emprega, números de 2014, 14% dos pescadores, que dependem unicamente da sua pesca. Nas fábricas de conserva existentes – em 2010, 20, que produziam 58 500 toneladas-, está a fortaleza das exportações. Também a sardinha dá o seu contributo para a saúde, fortalecendo o ómega 3, protetor das doenças cardiovasculares e cancerígenas. Os seus resíduos são aproveitados para implantes ósseos e dentários. Culturalmente, não há como uma boa sardinhada, as sardinhadas são o forte dos convívios humanos.
Agora a sardinha, amanhã as nossas vidas, há que defender a Casa Comum.