Procissão do Triunfo reuniu muitos fiéis na cidade do Porto

Rui Saraiva

Retomada tradição centenária. Guiadas pelo andor de Nossa Senhora do Carmo, as imagens que retratam os passos do triunfo de Jesus encheram de fé as ruas da cidade do Porto. Uma Procissão promovida pela Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo e presidida por D. Manuel Linda. O bispo do Porto, na sua breve reflexão, salientou que a Igreja é o “rosto visível de algo invisível” presente no culto, na cultura e na caridade

Por Rui Saraiva

A Procissão do Triunfo, em honra de Nossa Senhora do Carmo, teve início com uma Celebração da Palavra no interior da Igreja do Carmo. Esse foi o mote para que na noite de 14 de julho, no centro da cidade do Porto, fosse retomada a centenária tradição da Procissão do Triunfo de Jesus, iniciada no século XVIII. Para além do andor de Nossa Senhora do Carmo incorporaram este Procissão imagens que retratam os passos do triunfo de Jesus.

Quatro eram os cavaleiros que encimavam uma Procissão que foi momento de sensível espiritualidade cristã e renovada fé em Jesus Cristo. Esta Procissão, que assinalou também a celebração do 250.º aniversário da Igreja do Carmo, foi promovida pela Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo da cidade do Porto e pelo Comando Territorial do Porto da Guarda Nacional Republicana. A Procissão foi presidida por D. Manuel Linda, bispo do Porto. Presente também o bispo emérito de Setúbal, D. Gilberto Canavarro dos Reis, que reside na diocese do Porto. Estiveram presentes mais de meio milhar de fiéis que viveram com serena devoção este ato religioso. A Procissão percorreu o centro da cidade, que no passado era a zona dos Padres, das Irmãs e dos Irmãos Carmelitas, e terminou no Quartel do Carmo da Guarda Nacional Republicana. A banda da GNR acompanhou com mestria a procissão executando músicas dedicadas a Nossa Senhora.

Na breve reflexão que proferiu no final da Procissão, o bispo do Porto, recordou os 250 anos da Igreja do Carmo, afirmando que “uma Igreja é sempre o rosto visível de algo invisível. E, neste caso concreto, esse algo invisível passa, fundamentalmente, pelo culto, pela cultura, pela caridade” – afirmou.

D. Manuel Linda, assinalou que a Ordem do Carmo e outras ordens religiosas, “desde o princípio” que se “distinguem, exatamente, nesta conciliação, que é tão bela, promover o louvor divino, edificar e patrocinar atitudes que têm tanto a ver com a cultura e exercer a caridade”. O bispo do Porto sublinhou que todas as ordens religiosas têm, “lares, infantários, dedicam-se aos sem-abrigo, aos pobres, a todos os géneros de pobreza”. “É preciso que a nossa sociedade se dê conta disto” – afirmou D. Manuel – declarando o seu agradecimento à Ordem do Carmo e a todas as outras ordens, confrarias, irmandades e à Misericórdia, pelo “que têm feito pela nossa sociedade e pela nossa cidade” – assinalou o bispo do Porto.

D. Manuel Linda não deixou de referir a ligação da Guarda Nacional Republicana (GNR) ao Carmo. “O Comando Geral situa-se em Lisboa no Carmo. O Comando Territorial do Porto situa-se num quartel com esta designação do Carmo. De resto tem Nossa Senhora do Carmo como sua excelsa padroeira” – recordou o bispo do Porto assinalando as origens militares da Ordem do Carmo.

“Peço à Guarda (GNR) que continue a dar-nos este exemplo da enorme forma como vive esta dupla dimensão: na dedicação aos outros assegurando-lhe aquilo que é tão fundamental que é a segurança, a liberdade e a paz, quer na maneira como vive esta espiritualidade cristã, esta mística que passa pela dimensão religiosa” – afirmou o bispo do Porto.

No final da Procissão foi realizada a consagração a Nossa Senhora do Carmo e a imagem foi recolocada no nicho que se encontra numa das paredes do terreiro do Quartel do Carmo da Guarda Nacional Republicana.

Recordemos o significado de cada uma das imagens do Triunfo de Jesus, num texto que, oportunamente, nos enviou Frei Bernardo Almeida:

1) Jesus em oração no Getsémani (Lc 22,39-46), dirigindo-se ao Pai. O corpo e o olhar de Jesus manifestam lucidez, ternura e confiança, pois a oração é a estratégia certa para o triunfo da bondade;

2) Jesus entrega-se (Lc 22,47-53) para concretizar o seu triunfo sobre a cegueira da maldade. Amarram-lhe as mãos, mas ele é sempre livre de dizer, de fazer e de ser bondade. Jesus está de pé, atento e sereno;

3) Jesus é julgado (Jo 19,13-16) sentado no pretório romano. Aparentemente a mentira e a agressividade vencem. Na realidade, como anuncia o olhar de Jesus, focado no Pai, eles não sabem o que fazem, julgam-se a si próprios, revelando que o desejo de possuir leva à morte;

4) Jesus é apresentado como Rei diante a multidão (Jo 19,5-7 –  Ecce Homo) com as vestes reais do mundo: manto, coroa, cajado. Jesus olha o mundo com a vontade de lhe comunicar a plenitude do amor, o seu verdadeiro poder;

5) Jesus morto (Jo 19,38-42), o Bom Pastor passa pela morte e serenamente atrai ao Pai a humanidade inteira, abrindo definitivamente ao ser humano a plenitude do amor;

6) Jesus ressuscita (Jo 20,1ss), eis a beleza da vitória de Jesus, convite a abraçarmos e a participarmos no esplendor da vida dada pelo ressuscitado.

De referir que no domingo, dia 15 de Julho foi celebrada uma Solene Eucaristia dedicada a Nossa Senhora do Carmo pelas 11.00h na Igreja do Carmo, presidida por D. Gilberto Canavarro dos Reis, bispo emérito de Setúbal.