Padres da cidade do Porto passearam em memória de D. António Barroso

Na quinta feira 5 de julho de 2018, um grupo de párocos, sacerdotes e diáconos da cidade do Porto realizaram o passeio de confraternização anual da duas vigararias da cidade. O destino foi a paróquia de Remelhe, em Barcelos, constituindo assim a visita uma visita e memória de D. António Barroso, neste ano centenário da sua morte (31 de agosto de 1918).

Por M. Correia Fernandes

Contando com a presença de Amadeu Gomes de Araújo, vice-postulador do seu processo de canonização, e do padre e jornalista Manuel Vilas Boas, natural daquela região, o grupo pôde contar com a presença de D. Manuel Linda, Bispo do Porto e de D. Pio Alves, Bispo Auxiliar que acompanha as vigararias da cidade. Os participantes tiveram oportunidade de reconhecer os lugares de passagem e vivência de D. António Barroso: o lugar humilde do seu nascimento, a fonte do seu do seu batismo na igreja paroquial, a casa onde passou os anos do seu exílio (de 1911 a 1914), a capela de Santiago, onde ordenou um total de 64 presbíteros para serviço da diocese do Porto, bem como o monumento do cemitério onde se encontram os seus restos mortais, obra do arquiteto portuense José Marques da Silva.

Puderam observar o aposento simples do seu leito de dormir e do escritório onde trabalhava, bem como a placa comemorativa colocada na capela em 2011 pela Fundação Voz Portucalense, como memória da primeira ordenação a que ali presidiu, placa descerrada pelo Bispo do Porto na altura, D. Manuel Clemente.

Nessa mesma capela presidiu D. Pio Alves nessa data a um “Te Deum” de ação de graças, evento promovido também pela Fundação Voz Portucalense. Após o almoço de convívio, em que D. Manuel Linda registou o sentido da sua presença e o apreço pelo trabalho pastoral dos párocos da cidade e o significado humano e eclesial destes encontros, em que a oração se junta a algum repouso do espírito e do corpo, os participantes tiveram oportunidade de subir ao monte da Franqueira, recordar de novo D. António Barroso que ali subia em peregrinação, e de olhar a paisagem aberta sobre a serra e o mar.

Sete anos atrás para lembrar o acontecimento registado na placa da capela de S. Tiago, podem ler-se algumas referências sobre a homenagem realizada na igreja de Remelhe, presidida por D. Manuel Clemente, na Voz Portucalense em várias semanas de julho de 2011, onde se inserem notas biográficas e históricas sobre D. AntónioBarrosos por José Adílio de Macedo, na altura pároco de Remelhe.

O relato da romagem de 4 de setembro desse ano inscreve-se na edição seguinte de 7 de setembro, em que estiveram presentes o Bispo do Porto e o Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, a direção da Fundação e uma representação de cerca de uma centena de assinantes da Voz Portucalense. Para reavivar a memória de D. António Barroso, recordo o que então escrevi sobre o evento, segundo palavras que D. Manuel Clemente proferiu : “Ao longo de poucos anos de missionação deixou traços indeléveis de cristianização, considerando-o ‘uma das figuras mais ricas e sugestivas de toda a ação missionária da Igreja’. Aliava a simplicidade e a sabedoria em todas as alturas, e a sua identidade missionária continua a ser sinal para a Igreja de hoje”.

Neste ano, sete anos depois, fica bem lembrar a intencionalidade desta iniciativa da Fundação Voz Portucalense então proposta: “manter viva a chama da presença da consciência cristã em torno do projeto de beatificação e canonização de uma figura da Igreja a quem todos reconhecem um valor humano e uma vivência espiritual nunca desmentida, e uma coragem e verticalidade que o levou a buscar a maior perfeição em tudo o que é humano e na realização da sua plenitude, que o ser cristão e o ser Bispo da Igreja lhe conferiam”.

E acrescentava que este encontro “constituiu mais um sinal de que o reconhecimento pela Igreja da santidade não há de tardar muito mais”. Concluía a minha crónica dessa edição de 7 de setembro de 2011 com esta observação, que reitero: “Quantos santos foram proclamados na Igreja pelo sentimento, afirmação e vivência do povo fiel e crente. Porque não D. António Barroso?” Basta lembrar Santo António de Pádua, ou de Lisboa, canonizado um ano seguinte ao da sua morte (1232) ou Josemaría Escrivá (canonizado em 2002, 27 anos após a sua morte). E já agora, revelo que escrevi no livro de recordações existente no seu túmulo e que os Bispos e os sacerdotes presentes ali assinaram: “Utinam beatus in anno 2018”. Oxalá, Deus o quer, o homem sonha e a proclamação nasce.