
Faleceu no sábado, 23 de junho, no seguimento de um período de doença, o professor António Mário Costa, que o Curso de Música Litúrgica teve como docente ao longo de vários anos e a quem a Igreja e designadamente a Igreja do Porto muito deve no campo da Música Litúrgica.
Por Adélio Abreu, Diretor do Centro de Cultura Católica
António Mário Costa nasceu no Porto em 1963 e desenvolveu os seus estudos musicais, a partir de 1979, no Curso diocesano de Música Litúrgica e no Conservatório de Música do Porto. Entre 1989 e 1994, prosseguiu os seus estudos na Alemanha, tendo concluído o Curso Superior de Música Sacra, em 1993, na Academia de Música Sacra de Regensburg, e a licenciatura pedagógica em órgão, em 1994, na Escola Superior de Música de Munique. Foi, desde esse ano e até ao presente, professor do Conservatório de Música de Aveiro. Destacou-se em inúmeras iniciativas de serviço à música litúrgica na diocese do Porto, na diocese de Aveiro e mesmo a nível nacional, nomeadamente como docente dos Cursos Nacionais de Música Litúrgica.
No quadro portucalense, entre outras atividades e concertos, a sua ação desenvolveu-se sobretudo a estes níveis: como organista titular da Sé do Porto, desde 1995; como professor do Seminário Maior do Porto; como professor da Escola Diocesana de Ministérios Litúrgicos, no âmbito do Centro de Cultura Católica. É esta atividade letiva no Centro que aqui queremos evocar e agradecer.
O professor António Mário começou a lecionar no Curso de Música Litúrgica em 2000 a disciplina de Órgão, a que juntou em 2004 a de Harmonia. Em 2007, o seu campo de lecionação no Curso de Música Litúrgica alargou-se também às disciplinas de Coro e Direção Coral, tendo, sobretudo a partir daqui, desempenhado um papel muito importante também na própria dinâmica de unidade do Curso, enquanto projeto integrado de formação de músicos para a liturgia. Em 2015, quando a doença lhe bateu à porta, pediu para ser substituído na disciplina de Órgão, de modo a diminuir um pouco a sua presença da escola, nomeadamente nas tardes de sábado. Manteve, contudo, em 2015/2016 e 2016/2017 a lecionação de Harmonia, Coro e Direção Coral. No ano letivo que estamos a encerrar já não conseguiu iniciar a lecionação, tendo sido substituído a título transitório, que a morte se encarregou de tornar definitivo.
Faz todo o sentido exprimir-lhe o nosso reconhecimento e gratidão neste concerto, não só porque é a atividade de conjunto do Curso imediatamente subsequente à sua partida, mas também porque com ele nasceu esta atividade anual, quando assumiu a responsabilidade do Coro. O primeiro concerto ocorreu, sob a sua direção, na paróquia de Ramalde, no Porto, a 14 de junho de 2018. Com ele, realizámos os concertos dos anos seguintes em São Martinho do Campo, Nogueira da Regedoura, Sobrado, Amarante (São Gonçalo), Loureiro, Castelões de Cepeda (Paredes), Carregosa, Valongo e Sendim. Foi precisamente neste concerto em Sendim, Felgueiras, que o tivemos ativamente pela última vez numa atividade da Escola, a 1 de julho de 2017, mesmo se também compareceu a 13 de agosto na sé do Porto, para assistir ao concerto de órgão dos finalistas do Curso de Música Litúrgica. Em contexto de homenagem, as palavras podem soar de circunstância.
Não queria, contudo, que estas sequer se lhe aproximassem. António Mário Costa foi na mais nobre aceção do termo um músico para a liturgia na Igreja do Porto, ao serviço da catedral, igreja mãe da diocese; ao serviço do Seminário, onde ajudou a formar os nossos padres; e ao serviço do Curso diocesano de Música Litúrgica, frequentado por alunos que, como ele, querem servir a Deus e à Igreja, nas nossas celebrações litúrgicas. Prevenindo-me do excesso, diria somente que o professor António Mário era um homem simples e bom, um pedagogo competente e dedicado, um professor profundamente sintonizado com os objetivos do Curso de Música Litúrgica e uma pessoa crente e com um sentido eclesial assinalável.
As qualidades humanas testemunha-as quem com ele se cruzou. A competência e a dedicação sobressaem na sua atividade e nos alunos que formou. Sobre a dedicação poderia evocar vários aspetos da sua atividade na escola, sempre disponível como estava para acompanhar os alunos ou mesmo para superar dificuldades, como quando com alguns deles promoveu a manutenção do instrumento da escola.
Sobre o professor sintonizado com os objetivos do Curso, recordo a serenidade com que lembrava quando necessário que a nossa especificidade era e é formar músicos para a liturgia. Sobre a eclesialidade do seu modo de estar, poderia evocar a importância dada a que os alunos em formação não esquecessem as comunidades que serviam.
No concerto de encerramento do ano letivo de 2017-2018