“Santuário de Gratidão” passeou no Rio Douro

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Este era o nome pelo qual D. António Francisco dos Santos, gostava que a Casa Sacerdotal do Porto fosse conhecida: “Santuário de Gratidão”. Pelos bispos e sacerdotes que deram a sua vida à diocese e ao povo de Deus. Após a recente reabertura, por obras de requalificação, a Casa Sacerdotal saiu à rua para passear de barco embalada pelo rio. Uma iniciativa que é fruto do empenho da atual Direção da instituição. Para que os bispos e sacerdotes, na doença e velhice, se sintam úteis e acarinhados. O texto que publicamos é de Cristiano Ribeiro, Diretor Executivo da Casa Sacerdotal:

“Vai Marinheiro. Vai… Vai…”

O dia 20 de Junho deste ano começou às 7h20 da manhã, com a celebração da Eucaristia, presidida pelo D. Gilberto, na Capela da Casa Sacerdotal da Diocese do Porto, de onde saímos em direção ao Cais da Estiva, na Ribeira do Porto para tomar lugar no barco que nos levaria Douro acima.

E aqui, orgulhoso, o Pe. Tavares apontava “o Barredo”, que o marcou como tripeiro de gema, mesmo disfarçado de turista de cara simpática e sorridente. Pelas 9 horas já estávamos de barco assaltado e assento tomado para ver o barco desatracar do cais ao sabor do pequeno-almoço que não fazendo jus ao nome, foi grande e apreciado.

Nesta “estrada” com apenas uma Lomba (citando o Pe. Daniel Quintela), aquela terra que deixava para trás as pontes Eiffel e outras tantas, de era mais recente que marcam pontos entre as cidades do Porto e de Gaia, e pouco depois Barragem de Crestuma, que para não indispor o Pe. Franclim foi melhor apelidar de Barragem de Lever.

Para delícia da irmã Mariangela e do Pe. Zé Maria, que nas oclusas disparavam fotos sobre as paredes até que o Pe. Zé Maria aprendeu a fazer “selfies”.  Passados os 14 metros, estávamos agora num nível mais elevado, permitindo-nos a apreciar as paisagens, as praias fluviais, as aldeias que em tempos foram marcos do percurso vinhateiro, as belas marinas, a foz daquele rio e foz do outro. As curvas daquela “serpente esverdeada”, ao sol, que se encurvava, ora à direita ora à esquerda, refletia nos rostos destes turistas a felicidade do seu curso

D. Januário dividia-se pelos clubes de fãs que o descobriram no barco…

O Pe. Melo regalava-se com a proximidade de Cinfães do Douro, a sua terra Natal e enquanto isso ia anunciando qual a terra à direita ou qual a povoação na outra margem.

Neste apregoar de povoações, e entre diferendos geográficos, foi lembrado o D. António Francisco ao passar Tendais, enquanto o Pe. Daniel reclamava pelo telefone os acenos, na falta de cartazes de apoio, dos seus paroquianos, que, à margem, nos iam vendo passar.

Com videiras nos socalcos que transformavam em grandes escadarias as paisagens vinhateiras, passamos Baião, a terra que criou o Pe. Adélio, saboreando o almoço ao som das reclamações sobre a falta de rede que bloqueava o sinal de internet, parando assim a emissão do “Portugal VS Marrocos”, a que assistíamos na televisão improvisada composta por um telemóvel com dados móveis, um computador portátil, e uma garrafa de vinho a servir de Antena, que segundo o Pe. Nuno servia para refrescar o sinal, merecendo as maiores risadas do Pe. Carlos.

Já nesta altura, de nada servia o protetor solar do Cónego Orlando, porque a chuva limitava-nos ao interior do barco, mas sempre apreciando as cerejeiras de Resende que nos lembrariam do D. Manuel Linda.

Depois da Barragem do Carrapatelo, já todos estávamos elevados a um nível superior, não tivéssemos subido 35 metros, rumamos à atracagem, no Peso da Régua, para a compra dos rebuçados e dos guarda-chuvas, que nos abrigaram 5 minutos. Foi o tempo que demorou a chuva a parar, para fortuna dos oportunos vendedores, que rapidamente, os trocaram por cestos de saquinhos de rebuçados.

Subimos à Estação de comboios local para regressar ao Porto, neste transporte, que percorrendo o Douro sobre a margem, nos permitiu apreciar o rio e as suas paisagens mais belas, num outro ponto de vista. E foi aqui, pelas 18 horas que vimos o ouro que deu o nome ao rio, com um sol fraco e mal posto, que dourou as águas, por entre o arvoredo que o ladeia, e que nos entremeava a bela visão.

O Pe. Fernando reviu as paragens por onde paroquiou e por onde caminhava o seu pónei, tão comentado ao longo da viagem. E não fosse a nossa lembrança sobre o Pe. Carvalho ao passar Caíde, ainda teríamos assunto sobre póneis e a sua perigosidade.

Um obrigado final ao Dr. Paulo do Centro Social e Paroquial de Cedofeita, ao Pe. Jorge Nunes e à Paroquia do Bonfim e ao Hugo do Centro Social e Paroquial do Padrão da Légua, que muito amavelmente se encarregaram dos transferes desde e até à Casa Sacerdotal.

E assim se passou o Passeio da Casa Sacerdotal da Diocese do Porto, que para alem dos muitos que o percorreram, muitos mais estiveram presentes no nosso pensamento, porque somos esta família que agradece e se engrandece por viver neste “Santuário de Gratidão”.