Obra de Nossa Senhora das Candeias

Por Lino Maia

Por iniciativa da Juventude Escolar Católica Feminina (JECF), a Obra de Nossa Senhora das Candeias nasceu  no ano de 1958, na cidade do Porto, com o objetivo inicial de apoiar jovens estudantes que se deslocavam para a cidade a fim de continuar a sua formação académica e que, por falta de meios, se encontravam entregues a si próprias e por vezes mesmo em situações de perigo. Mais tarde, surgiram pedidos insistentes para acolhimento de crianças carenciadas ou desprovidas de meio familiar funcional, principal vertente da sua atual atividade. Com a aprovação eclesiástica em 1963, e perante a necessidade de não separar grupos de irmãos, a Obra passou a acolher educandos de ambos os sexos, tendo sido pioneira nesta resposta consciente e assumida.

Até 1973, a Obra viveu do património e dos vencimentos das suas responsáveis e dos donativos dos amigos. A partir desse ano começou a receber alguns subsídios da Segurança Social, não podendo ainda assim prescindir das fontes de receita anteriores para desenvolver a sua missão com qualidade.

No desenvolvimento do projeto de vida individual, para além dos cuidados primários, a Obra procura proporcionar aos seus educandos um ambiente afetivamente rico, psicologicamente equilibrante, culturalmente enriquecedor, formativo de uma consciência moral e cívica exigente e com capacidade participativa e crítica. Assim, a educação dessas crianças e jovens passa necessariamente pela promoção do seu desenvolvimento integral, englobando não só a vertente emocional mas também as vertentes educativa e cultural, de modo a que no futuro contribuam para o exercício de uma cidadania responsável.

A Obra está estruturada em Núcleos Familiares que são pequenas células de vida organizadas sob o modelo familiar, lugar onde se criam “laços” entre quantos neles se acolhem mutuamente: crianças e jovens de ambos os sexos e idades heterogéneas, adultos responsáveis que àqueles dedicaram as suas vidas, outros voluntários, jovens deficientes ainda carecidos de uma continuidade de apoio e também jovens que cresceram no Núcleo e que agora estão em fase final de preparação para a sua vida ativa de forma autónoma. Com acordos de cooperação que vêm sendo celebrados desde 1982, alguns Núcleos integram creches, lares de infância e juventude (LIJ), pré-escolar e serviços de apoio ao estudo social.

Presentemente, sob a responsabilidade eclesiástica do Padre José Baptista, enquanto delegado episcopal, e competentemente dirigida por uma dedicada equipa presidida por Inês Santos, a Obra apoia mensalmente em média cerca de 650 crianças e jovens, estando presente nos distritos de Aveiro (com um núcleo familiar), Guarda (um núcleo familiar e uma exploração agropecuária onde são desenvolvidas atividades pedagógicas e ocupacionais), Faro (um núcleo, um jardim de infância,  uma creche e um serviço de apoio ao estudo) e Porto (sete núcleos familiares, dois jardins de infância, duas creches, e dois serviços de apoio ao estudo).

Mantendo a sua sede na cidade do Porto (na Rua da Alegria), a Obra dispõe ainda de duas casas de férias (Pinhel e Aldeia das Dez) por onde podem passar rotativamente as famílias que constituem os Núcleos Familiares e outras casas de apoio.

Maria Carolina Furtado Martins, engenheira, foi uma das “jecistas” fundadoras da Obra de Nossa Senhora das Candeias.

Em 1988 a Câmara Municipal do Porto atribuiu-lhe a Medalha de Ouro de Valor e Altruísmo.

Faleceu no dia 1 de julho nesta cidade em que é verdadeiro ícone da caridade cristã e da solidariedade crente…