Realizou-se na Casa de Vilar o II Encontro de colaboradores católicos da assistência espiritual e religiosa nos estabelecimentos prisionais da Diocese do Porto, no dia 29 de junho de 2018, contando com a presença do Bispo Auxiliar D. António Augusto Azevedo e do P. João Gonçalves, Coordenador Nacional da Pastoral Penitenciária, contando também com a presença do P. David Matamá, assistente religioso dos estabelecimentos Prisionais do Porto, do feminino de Santa Cruz do Bispo e da Polícia Judiciária.
No livro “Em nome da Misericórdia”, o Papa Francisco em conversa com o vaticanista Andrea Tornielli, garante que a misericórdia é a mensagem mais importante e o “cartão de identidade” da igreja cristã, contando que de cada vez que visita uma cadeia – o que faz com frequência – sente que não é superior às pessoas que ali estão, com as quais reconhece uma afinidade: “Porquê eles e não eu? Devia estar aqui. Mereço estar aqui”.
Por outro lado, os reclusos e reclusas da prisão San Vittore, visitada pelo Papa no ano passado, dirigiram-lhe uma carta em que, a dado passo lhe pedem: “Reze Santo Padre com todos nós pelo mundo do voluntariado, por todos aqueles que se dedicam diariamente em ajudar os necessitados e, em particular, por todos os voluntários que oferecem ajuda, esperança, amor e proximidade a todos os encarcerados, incluindo os que estão sozinhos, sem família, sem condições financeiras, sem distinção de raça, de sexo ou crime cometido “
Os voluntários presentes no encontro em Vilar sentem que estas palavras do Papa e dos reclusos não lhes são
estranhas, empenhando-se em que as prisões sejam lugares onde a vivência cristã não esteja ausente.
Além do conforto espiritual que é o foco da sua ação, esta amplia-se a áreas onde as carências são manifestas, nomeadamente o apoio judiciário e a necessidade da consagração do direito à própria defesa, o reforço das ligações às famílias, a melhoria das condições dos estabelecimentos prisionais, a denúncia de todas as violências, de que a privação da liberdade é a mais evidente, em suma, à implementação do respeito pelos direitos humanos universalmente consagrados.
O Papa Francisco, no seu último documento pontifício “Oeconomicae et pecuniariae quaestiones” constata: (…)“Numerosas associações provenientes da sociedade civil representam uma reserva de consciência e de responsabilidade social das quais não podemos prescindir. Hoje, mais do que nunca, somos todos chamados a vigiar como sentinelas por uma vida de qualidade e a tornar-nos intérpretes de um novo protagonismo social, orientando a nossa ação na busca do bem comum e fundando-a sobre os sólidos princípios da solidariedade e da subsidiariedade.”(…).
As organizações de matriz católica da Diocese do Porto, assumindo a responsabilidade de reserva de consciência e de responsabilidade social, imbuídos dos princípios da solidariedade e da subsidiariedade aliados aos pilares cristãos do perdão e da misericórdia, entendem que a sua ação está carenciada duma pastoral penitenciária diocesana, sem a qual dificilmente conseguiremos fazer chegar a todo o povo de Deus esses princípios, manifestando a esperança de que esta carência seja brevemente suprida.
(Inf. de Manuel Hipólito Almeida Santos)