D. António Augusto Azevedo foi nomeado delegado ao Sínodo dos jovens

O bispo auxiliar do Porto foi nomeado pela Conferência Episcopal Portuguesa como delegado ao próximo Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco e dedicado ao tema: “Os jovens a fé e o discernimento vocacional”. Nesta nomeação D. António Augusto é acompanhado por D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa que também será delegado ao Sínodo.

Esta escolha deverá basear-se no facto de ambos os prelados liderarem as Comissões Episcopais diretamente relacionadas com a temática do Sínodo. D. António Augusto preside à Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios e D. Joaquim Mendes preside à Comissão Episcopal do Laicado e Família.

O Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens realiza-se no Vaticano de 3 a 28 de outubro deste ano de 2018.

Entretanto, foi já publicado pelo Vaticano, no passado dia 19 de junho o Instrumento de Trabalho para o Sínodo. Algumas das principais questões levantadas neste documento, que contou com mais de 100 mil respostas ao questionário online, referem-se a temas como o desemprego, as redes socias, pobreza e educação. Divulgamos aqui um excerto do texto publicado a este propósito pelo jornalista Octávio Carmo no portal da Agência Ecclesia:

“O documento de trabalho divulgado em italiano aos jornalistas acreditados na sala de imprensa da Santa Sé, está dividido em três partes, em volta dos verbos “reconhecer”, “interpretar” e “escolher”. O Vaticano defende a necessidade de um “discernimento” das dinâmicas sociais e culturais, para apresentar respostas adequadas aos jovens, “buscadores de sentido”, com “humildade, proximidade e empatia”.

Um dos temas centrais do pontificado do Papa Francisco, a denúncia da “cultura do descarte”, é retomado no documento para pedir um novo “modelo económico” que favoreça o desenvolvimento de alternativas vindas das “periferias”. Os jovens, acrescenta o texto, condenam as várias formas de discriminação que atingem as mulheres, “também no âmbito eclesial”, a corrupção, as desigualdades e a violação dos Direitos Humanos.

Ao longo de 214 números, o texto propõe uma Igreja em escuta das várias realidades, afetadas pela “mudança cultural” da globalização e das redes sociais, com particular efeito nos jovens. Entre as preocupações apresentadas, está a urgência de preservar o papel central das famílias e das relações intergeracionais face a uma cultura global dominada pelo individualismo.

O documento aponta problemas como a guerra, as migrações forçadas, a toxicodependência ou a situação dos jovens reclusos, bem como sinais positivos como a participação dos mais novos em projetos de voluntariado, a consciência de um maior pluralismo ou as suas preocupações ambientais.

Segundo a Santa Sé, na forma de proceder dos jovens, “as coisas compreendem-se fazendo-as” e a Igreja Católica deve estar atenta a este facto, bem como ao impacto crescente das redes sociais, nas suas potencialidades e riscos. “As Conferências Episcopais convergem sobre esta duplicidade, acentuando, no entanto, as observações críticas”, assinala o documento de trabalho, vendo nesta nova linguagem um “inimigo invisível e omnipresente, que tendem a diabolizar”.

O texto destaca o potencial educativo da música e do desporto, cujos grandes eventos são vistos como “experiências de construção de identidade coletiva”.

“Entre as linguagens artísticas, a música esta de forma particular ligada à dimensão da escuta e da interioridade. O seu impacto na esfera emotiva pode representar uma oportunidade de formação e de discernimento”. À Igreja Católica é proposto que assuma o diálogo como “estilo e como método”, concedendo aos jovens um “protagonismo real”, sem os sujeitar à barreira do “sempre se fez assim”.

O documento de trabalho realça a importância das instituições educativas, em particular as católicas, no esforço de ajudar as novas gerações a assumir as suas “responsabilidades perante os problemas do mundo, das necessidades dos mais pobres e da proteção do ambiente.

“É preciso criar espaços de verdadeira pesquisa, debates que gerem alternativas para os problemas de hoje”, sustentam os responsáveis da Santa Sé, citando o discurso do Papa à Universidade Católica Portuguesa, em outubro de 2017.Formar para a “cidadania ativa”, conhecer o mundo digital e acompanhar as situações de doença ou os jovens com deficiência são outras propostas para o encontro mundial de bispos dos cinco continentes, incluindo dois delegados de Portugal.

O ‘guião’ do próximo sínodo fala de sinais de “grande alarme” nas realidades juvenis, como a toxicodependência, o alcoolismo, o bullying, os abusos sexuais e elevadas taxas de suicídio nalguns países.

O documento conclui-se com uma oração do Papa Francisco para que os jovens “agarrem a sua vida nas mãos, olhem para as coisas mais belas e mais profundas e conservem um coração livre”.”