
O Papa Francisco entregou na quinta-feira, dia 28 de junho, em Consistório Público, as insígnias aos novos 14 cardeais que tinham sido nomeados no passado dia 20 de maio. D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima foi um deles, numa celebração que decorreu na Basílica de S. Pedro. Na sua homilia, o Santo Padre exortou os novos purpurados a colocarem-se “aos pés dos outros para servir”.
Por Rui Saraiva
Portugal passa agora a ter 4 cardeais: D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para a Causa dos Santos, D. Manuel Monteiro de Castro, Penitenciário-mor emérito do Supremo Tribunal da Penitenciária Apostólica e D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa. O Colégio de Cardeais passa a ter 125 eleitores (59 dos quais criados por Francisco) e 102 cardeais com mais de 80 anos, os quais não têm direito a voto num eventual Conclave para eleição de um novo Papa.
Francisco, na sua homilia, afirmou que a autoridade na Igreja exerce-se pelo serviço:
“Esta é a mais alta condecoração que podemos obter, a maior promoção que nos pode ser dada: servir Cristo no povo fiel de Deus, no faminto, no esquecido, no recluso, no doente, no toxicodependente, no abandonado, em pessoas concretas com as suas histórias e esperanças, com os seus anseios e deceções, com os seus sofrimentos e feridas” – declarou o Papa Consistório Público na basílica vaticana.
O Santo Padre sublinhou ainda, com outras palavras, como deve ser exercida a autoridade na Igreja:
“A única autoridade credível é a que nasce de colocar-se aos pés dos outros para servir Cristo. É a que deriva de não esquecer que Jesus, antes de inclinar a cabeça na cruz, não teve medo de se inclinar diante dos discípulos e lavar-lhes os pés” – afirmou Francisco.
O Papa sublinhou também, na sua homilia, que na Igreja ninguém se deve sentir superior: “Nenhum de nós deve olhar os outros de cima para baixo; podemos, sim, podemos olhar assim para uma pessoa quando a ajudamos a levantar-se” – assinalou o Santo Padre.
No final da sua homilia, Francisco citou o testamento espiritual de S. João XXIII:
“Agradeço a Deus por esta graça da pobreza, de que fiz voto na minha juventude, pobreza de espírito, como padre do Sagrado Coração, e pobreza real; e por me sustentar para nunca pedir nada, nem lugares, nem dinheiro, nem favores, nunca, nem para mim nem para os meus parentes ou amigos” (João XXIII, 29 de junho de 1954).
No Consistório de dia 28 de junho, no Vaticano, estiveram presentes vários prelados portugueses: O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga; D. Amândio José Tomás, bispo de Vila Real; D. Manuel Linda, bispo do Porto; D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda; D. Manuel Felício, bispo da Guarda; D. António Luciano Costa, bispo eleito de Viseu; D. Manuel Pelino, bispo emérito de Santarém e D. Serafim Sousa e Silva, bispo emérito de Leiria-Fátima.
Recordamos que aquando da nomeação de D. António Marto ao cardinalato, D. Manuel Linda, bispo do Porto, publicou uma mensagem de saudação e ação de graças sublinhando o “imenso júbilo” da diocese do Porto. O bispo do Porto recorda nessa mensagem o trabalho de 23 anos de “formador e prefeito de estudos” na Diocese do Porto desenvolvido por D. António Marto.