“Enviados (Barnabé e Saulo) assim pelo Espírito Santo, navegaram para a ilha de Chipre. Chegados a Salamina, pregaram a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. Tinham com eles João (Marcos, primo de Barnabé) para os auxiliar. Percorreram toda a ilha até Pafos” (At. 13,4).
Por João Alves Dias
Em vésperas da sua festa que “o S.Pedro” ofusca, impressões duma viagem. Em Pafos, perto de Ayia Kuriaki, a igreja em que Bento XVI celebrou em 2010, conserva-se a “Coluna do Apóstolo Paulo” onde esteve amarrado enquanto o chicoteavam. A avenida “Apóstolo Paulo” no porto antigo, recorda o embarque de “Paulo e seus companheiros para Perge, na Panfília” (At. 13,13). Perto de Salamina, encontrei o Mosteiro de São Barnabé, “fundador de igreja cristã em Chipre”, da tribo de Levi, que nasceu e morreu em Salamina.
Na cripta duma capela próxima, venera-se o seu túmulo. Na igreja, sobressaem dois frescos que representam a revelação do local onde se encontrava perdido o Evangelho de S. Marcos.
A Igreja cipriota apoia em S. Barnabé a sua apostolicidade que lhe valeu o reconhecimento de independência no Concílio de Éfeso, (431). Ainda hoje Chipre é uma Igreja autocéfala, um Patriarcado Ortodoxo independente.
Surpreende-nos a grande devoção a S. Lázaro que, “ mesmo não tendo nascido em Lárnaca, foi o primeiro bispo local entre os anos de 45 e 63, onde morreu – pela segunda e definitiva vez”. A catedral é-lhe dedicada e sua festa no Domingo de Ramos faz parar toda a cidade.
O desdobrável do Museu Arqueológico de Nicósia esclarece “ Nenhum país do mundo, com uma superfície tão pequeno como Chipre, se pode orgulhar de ter um passado tão antigo e uma civilização de uma diversidade e duma riqueza tão grande. Em razão da sua situação geográfica no coração do Mediterrâneo oriental, no cruzamento das civilizações do mar Egeu e do Próximo Oriente, da Ásia Menor e do Egito, Chipre tornou-se um recetáculo de influências exteriores desde o dealbar da história, desenvolvendo a sua matriz cultural que conserva de modo persistente através dos séculos”.
Na impossibilidade de referir o seu riquíssimo património geológico, paisagístico, histórico e monumental, quero realçar a beleza dos frescos bizantinos de que destaco as igrejas de S. Barnabé e S. Hilário, de cinco cúpulas, do século X; de Panagia Asinou, com um “maravilhoso tesouro de 100 frescos murais pintados entre os séculos XII e XVI; de Panagia Araka, do século XII. Como a anterior, também dedicada a Maria – a “Toda Santa”(Pan+agia) – é Património da Humanidade.
E que dizer da igreja do século IX, também de cinco cúpulas, em Yeroskipos, perto de Pafos? E da catedral gótica de Santa Sofia em Nicósia, convertida em mesquita? Foi um encontro privilegiado com as nossas raízes greco-romanas e judaico-cristãs.