
O Secretariado Diocesano da Pastoral da Saúde (SDPS) promoveu o 3º Encontro Diocesano de Cuidadores que decorreu na tarde de domingo, dia 17 de junho de 2018, na Casa Diocesana de Vilar, onde participaram cerca de centena e meia de pessoas, vindas de toda a Diocese do Porto.
Segundo nota enviada à VP, a diretora do SDPS, Dra. Maria do Rosário Rodrigues, saudou “todos os que estão envolvidos na pastoral da saúde” e afirmou que “cuidar é uma missão centralizadora na vida da Igreja, pois sempre que alguém cuida, sempre que alguém se inclina sob o outro, é e será com toda a certeza, uma experiência do Amor de Deus”.
Foi o padre José Nuno Ferreira da Silva, assistente espiritual do SDPS, que abordou o tema “Evangelizar a Linguagem do Sofrimento” tendo iniciado a sua reflexão/formação afirmando que “a relevância da Igreja na sociedade passa necessariamente pela aposta no cuidado dos mais frágeis: a Pastoral de Fragilidade é uma condição de sobrevivência da Igreja” e reforçou que “a pessoa doente, com rosto concreto, com lágrimas concretas, é uma questão de Igreja”.
Especificou que “Deus opera diretamente através do visitador e através da pessoa que é visitada”. “Deus é o cuidador! Cuidar é obra! É uma vida de sacrifício, mas conviver é sacrificar-se. Cuidar implica o sacrifício do cuidador àquele de quem cuida, no horizonte do sacrifício de Cristo que nos salva” – afirmou o padre José Nuno.
De seguida questionou: “Mas que fizemos da palavra sacrifício? E da disposição de se sacrificar?” “Deus é o interlocutor íntimo das pessoas, de um modo especial quando se veem a sofrer – perguntam porquê. É assim a alma dos homens, desde sempre. É no diálogo interior com Ele – é terrível não ter com quem refilar… – que se encontra o caminho através da experiência limite do sofrimento. Nós precisamos de Deus, ainda que seja para lhe dizer que não O queremos” – assinalou.
Em particular, o padre José Nuno alertou para o perigo de não fazermos uma experiência pessoal de sofrimento descrevendo que “somos frágeis e o sofrimento tornou-se uma realidade medicamente gerida, por médicos e medicamentos, o que nos torna mais frágeis. A partir do momento que eu próprio não giro o meu sofrimento e o deixo ao cuidado dos médicos, torno-me mais frágil e abdico da mais pessoal das experiências humanas, que é sofrer. Este é um dos fenómenos do nosso tempo: os processos cruciais da nossa vida tornaram-se processos médicos. Estamos a ficar incompetentes para enfrentar as grandes questões existenciais! O que está em curso na nossa sociedade é a desumanização do sofrimento. Ora, através do sofrimento, algo de mim está a chegar. O sofrimento é gerador” – declarou.
Ao jeito de conclusão afirmou que “…evangelizar a linguagem do sofrimento é uma tarefa fundamental de uma realidade muito mais vasta e profunda que é a humanização do sofrimento”.
No final do Encontro foram entregues os certificados do “Curso Pastoral da Fragilidade” que decorreu no ano anterior em colaboração com o Centro de Cultura Católica.