Por S.D.L.
São Tarcísio
Tarcísio pertencia à comunidade cristã de Roma. Sabe-se que o rescrito de perseguição do imperador Valeriano (253-260) visava de forma direta os bispos, padres e diáconos, dos quais se previa, em caso de detenção, a execução imediata e a confiscação dos bens. Estando estes tão expostos, a forma de contornar a vigilância das autoridades e de levar aos mártires e confessores da fé, detidos nos cárceres, o conforto da Eucaristia, era recorrer ao serviço de servidores menos referenciados pelas autoridades, nomeadamente jovens acólitos. Foi assim que Tarcísio, adolescente de 12 anos, se voluntariou para levar o Pão da Vida aos cristãos detidos. Para defender esse tesouro escondido de cair nas mãos de pagãos, Tarcísio sofreu agressões mortais de companheiros da sua idade. O seu corpo agonizante foi recolhido por um soldado, ocultamente cristão, que o levou para as Catacumbas de Calisto onde foi depois sepultado. Conservam-se nessas Catacumbas vestígios arquológicos e inscrições que testemunham a veneração tributada a Tarcísio pela Igreja Romana.
O romance Fabíola (Cardeal Nicholas Wiseman, 1854) – e o filme homónimo –popularizaram São Tarcísio que veio a ser proclamado patrono da Associação Internacional dos Acólitos Ministrantes (Coetus Internationalis Ministrantium).
O Martirológio Romano faz o seu elogio em 15 de agosto, dia da sua memória litúrgica: «Em Roma, no cemitério de Calisto, junto à Via Ápia, a comemoração de São Tarcísio, mártir, que, ao defender a Santíssima Eucaristia de Cristo que uma multidão furiosa de gentios pretendiam profanar, preferiu ser apedrejado até à morte, em vez de entregar aos cães as sagradas espécies. († c. 257)».
São Francisco Marto
Foi proclamado Patrono dos Acólitos Portugueses em 1 de Maio de 2009. Na sua breve vida de apenas 10 anos, este vidente de Fátima deu um testemunho maravilhoso de fé e de amor. Com a sua candura de menino, viveu uma fé madura, orante e contemplativa. O «Jesus escondido», do Sacrário e do Altar foram fulcrais na sua piedade.
Outros Santos aparecem associados aos acólitos ministrantes e são invocados em algumas regiões como seus patronos celestes:
– São Domingos Sávio (1842-1857) que, tocado pela pregação de São João Bosco, quis ser santo servindo o Senhor com alegria. Morreu pouco antes de completar quinze anos e é um exemplo admirável para as crianças e adolescentes.
– Santo Estanislau Kostka (1550-1568), um dos santos polacos mais conhecidos e venerados. Os testemunhos biográficos recolhidos atestam que este jovem dava muito espaço à oração, participava intensamente na Missa e na Oração de Vésperas.
– São Luís Gonzaga (1568-1591): reza assim o seu elogio no Martirológio: «religioso que, nascido de família de príncipes e nobilíssimo pela inocência de vida, abdicou em favor do seu irmão o direito ao principado e ingressou na Companhia de Jesus. Pela assistência generosa aos contaminados da peste, contraiu a enfermidade que o levou à morte ainda em plena juventude. († 1591)». São Luís Gonzaga foi um mártir da caridade, até ao extremos de dar a vida pelo próximo.
– São João Berchmans (1599-1621), santo flamengo (belga) que viveu uma profunda piedade eucarística e mariana, sempre de sorriso aberto e franco.
– São Nicolau de Mira, o santo da caridade, protetor de crianças e órfãos († s. IV).
– São João Bosco (1815-1888): «Pai e mestre da juventude» que soube guiar os jovens num caminho de santidade caracterizado pela alegria no cumprimento perfeito dos próprios deveres.
A escolha destes santos patronos correspondeu historicamente a um perfil etário predominantemente infanto-juvenil. Mas ao aprofundar a biografia e a fisionomia espiritual destes santos emergem características e acentuações que claramente superam essa visão limitada e são válidos para os acólitos ministrantes de todas as idades: uma piedade centrada na Eucaristia, nutrida na oração, pautada pela alegria, generosa num serviço que irradia da Liturgia para a vida, sem fraturas entre o serviço do altar e o serviço aos irmãos, capaz dos maiores heroísmos, até ao dom supremo da própria vida.