
Segundo a Agência Ecclesia o bispo de Leiria-Fátima recebeu com surpresa e emoção a notícia da nomeação para cardeal mas encara-a “como um serviço” e deseja “participar” na reforma que o Papa está a fazer, sugerindo “simplicidade” aos cardeais.
“Acho que deverá chegar o momento em que os cardeais se apresentem com a mesma simplicidade com que o Papa Francisco se apresenta. Desejarei dizer isso ao Santo Padre, mas o Santo padre terá a última palavra”, disse o bispo de Leira-Fátima.
D. António Marto disse ainda aos jornalistas no Santuário de Fátima que deseja que os cardeais se apresentem com “a batina de bispo” e “sem aqueles vermelhos, sem aqueles chapéus cardinalícios”.
“O Santo Padre conhece bem o que eu penso e sabe que tem em mim um apoiante da reforma que está a fazer na Igreja, uma Igreja mais próxima, mais evangélica e mais misericordiosa” – assinalou D. António Marto.
O novo cardeal português acha que os jovens na Igreja são uma questão prioritária, assumindo que valoriza o processo de reforma da Igreja do Santo Padre. Revelou ainda que “no fim deste mês” publicará “uma nota pastoral sobre a situação dos fiéis divorciados em nova união, seguindo a Exortação Apostólica do Papa”.
É este o perfil biográfico do novo cardeal António Marto, publicado pela Agência Ecclesia:
António Augusto dos Santos Marto nasceu a 5 de maio de 1947, em Tronco, concelho de Chaves; é filho de Serafim Augusto Marto e de Maria da Purificação Correia dos Santos.
Passou pelos Seminários de Vila Real e do Porto, sendo ordenado padre em Roma no ano de 1971, como presbítero da Diocese de Vila Real; estudou Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (de 1970 a 1977), onde fez o doutoramento, com a tese: “Esperança cristã e futuro do homem. Doutrina escatológica do Concílio Vaticano II”.
Desde 1977 até 2000 trabalhou na formação de candidatos ao sacerdócio no Seminário Maior do Porto, como formador e prefeito de estudos.
A partir de 1977 exerceu também atividade docente em diversos âmbitos. Foi professor de diversas áreas da teologia no Instituto de Ciências Humanas e Teológicas (Porto), no Centro de Cultura Católica (Porto), na Faculdade de Teologia e na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa (Porto).
Nestas instituições académicas integrou diversas comissões, tanto ao nível científico como diretivo; foi também diretor-adjunto da mesma Faculdade de Teologia.
É membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa.
A 10.11.2000 é nomeado bispo, por João Paulo II, tendo escolhido o seguinte lema episcopal: “Servidores da vossa alegria” (2Cor 1,24).
Foi bispo auxiliar de Braga de 2001 a 2004 e Bispo de Viseu desde então até 22 de abril de 2006, data em que recebeu a nomeação para Bispo de Leiria-Fátima, por decisão de Bento XVI; entrou nesta diocese no dia 25 de junho de 2006.
Como bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto recebeu no Santuário da Cova da Iria os Papas Bento XVI (2010) e Francisco (2017).
Em junho de 2017, o atual Papa enviou uma mensagem a D. António Marto, para agradecer pelo “acolhimento fraterno” e a “hospitalidade fidalga” de que foi alvo na sua peregrinação à Cova da Iria.
Francisco saudava o “efusivo testemunho de alegria e amor a Nossa Senhora de Fátima” de D. António Marto e o trabalho de todos os seus colaboradores, “em toda a parte, desde a mesa ao altar”.O futuro cardeal português publicou numerosos artigos de especialização em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas “Humanística e Teologia”, “Communio” e “Theologica”. Foi delegado da Conferência Episcopal na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) de 2011 até abril de 2017.
Desde abril de 2014 é vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.