Agora que parecia afastada a grande ameaça à Paz com origem na península da Coreia, eis que ressurge uma segunda, esta numa área do mundo sempre em vias de explodir: o Médio Oriente. Trata-se, neste caso, de uma ameaça tão assustadora como a primeira, já que envolve também o perigo de que, em caso de conflito grave, seja possível a utilização de armamento nuclear.
Isto acontece precisamente numa altura em que o governo norte-americano decide, contra a opinião e o desejo da maioria dos seus próprios aliados, com excepção de Israel, abandonar o tratado internacional de 2015 com o qual se pretendia suster o processo de desenvolvimento nuclear do Irão.
Todos sabemos como foi longa e complexa a assinatura deste tratado, um tratado que obrigou a concessões importantes e que Donald Trump sempre contestou, logo a partir da sua campanha eleitoral. O seu argumento principal era e é o de que o acordo não garantia segurança sufi ciente aos Estados Unidos e ao mundo ocidental, além de ser desproporcionadamente favorável ao Irão, em termos de concessões económicas. A sua decisão de denunciar o tratado não constituiu portanto uma surpresa.
Foi neste contexto que a opinião pública internacional tomou conhecimento de que as forças iranianas instaladas na Síria, em apoio ao governo de Bashar al Assad, tinham disparado algumas salvas de mísseis contra aldeamentos israelitas situados nos Montes Golã e ocupados por forças judaicas na sequência da guerra de 1967.
Não são ainda claros os motivos invocados por Damasco para este ataque inesperado, nem se conhecem ainda todos os seus efeitos imediatos no terreno. Já a resposta de Israel foi tudo menos inesperada: como de costume, foi rápida e violenta. Mesmo admitindo que os responsáveis militares gostam sempre ampliar o êxito das suas forças, tudo indica que a iniciativa de Damasco terá sido um fracasso e um erro estratégico de que Telavive já estaria à espera, para poder responder com a rapidez e com os resultados que se conhecem.
Há muito que Israel definiu o Irão como o seu grande inimigo no Médio Oriente, e o Irão ficou a saber, mais uma vez, que o seu inimigo de estimação é muito difícil de vergar, de tal modo que alguns dos seu responsáveis políticos e religiosos parecem ter perdido o controlo verbal, na sua resposta à humilhação agora sofrida nos Montes Golã, tão graves e perigosas foram as ameaças que fizeram a Telavive.