Testemunhos de finalistas

A VP publica entrevistas a dois finalistas universitários. A uma estudante de Medicina e a um estudante de Direito.

Entrevistas conduzidas por Rui Saraiva

Mariana Oliveira, finalista do Curso de Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto

VP: Como é que se sente como finalista?

MO: Sinto um orgulho enorme por estes seis anos em que fiz mais do que o curso, pois não vivo só para a Faculdade. Sinto nostalgia olhando para o que foram estes seis anos e alguma incerteza e medo, receios naturais em relação ao futuro. Mas sinto muita felicidade.

VP: O que é ser cristão no meio universitário?

MO: Eu acho que para mim, felizmente, foi fácil ser cristã no meio universitário. Talvez porque é uma coisa que já vem de criança, desde a minha família até entrar na Faculdade. O que facilitou ser cristã na Faculdade foi existir a “Missão País”.

VP: E o que é a “Missão País”?

MO: É um projeto criado por universitários e para universitários a nível nacional que pretende levar Jesus às terras mais necessitadas do interior de Portugal. E é uma semana de missão e voluntariado católico.

VP: Essa experiência depois é comunicada nas vossas Faculdades aos vossos colegas que não estiveram na Missão?

MO: Sim, primeiro há uma equipa de chefes que faz a divulgação antes da missão. Depois na fase pós-missão, quando voltamos às Faculdades, todos acabam por se aperceber do que foi a Missão, pois encontram-se, falam em almoços e promovem atividades e, assim, acabam por transmitir o seu testemunho de terem voltado cheios de alegria.

VP: E este vosso empenho cristão na Pastoral Universitária como é que é depois aceite pelos outros?

MO: Acho que somos sempre vistos como sendo diferentes, porque regressamos de uma semana onde tudo parece ser perfeito. Nós vimos como que apaixonados pelo que se viveu lá e pelo espírito de grupo que se criou. E só isso marca logo a diferença. As pessoas olham para nós a achar que somos um bocado exagerados. Mas, durante o ano este exagero de união vai-se desvanecendo e as pessoas vão acabando por querer saber mais da Missão e perguntam. Eu não sinto nada de pejorativo quando olham para nós e no ano seguinte vão-se inscrever para poder conhecer. Acho que acaba por ter um efeito muito positivo.

VP: E no futuro como médica vai continuar a ter este seu empenho cristão?

MO: Sim, sem dúvida. Na Missão País, porque é um projeto universitário, mas também na minha paróquia e num movimento ao qual faço parte que é o Movimento Fé e Luz. Portanto, tenho a certeza que vou estar sempre ligada. Enquanto médica vou tentar ser uma médica sempre a pensar como cristã e a fazer o que Jesus faria.

 

Filipe Ribeiro, finalista do Curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade do Porto

VP: Como é que se sente como finalista?

FR: Foram quatro anos muito intensos, muito fortes. Desde a minha entrada na Associação de Estudantes em que estive no departamento de ação social. Foram quatro anos intensos de estudo. Eu queria deixar uma marca e pude deixar os “Caminhos de Santiago” na Faculdade de Direito que até então não existia; estive na “Missão País” quatro anos; quatro anos na Associação de Estudantes; e agora, juntamente com mais amigos, conseguimos criar uma associação de jovens unicamente ligada ao apoio a pessoas e famílias carenciadas do centro histórico do Porto.

VP: O que é ser cristão no meio universitário?

FR: Eu acho que o maior desafio é ser colocado sempre à prova, sobretudo num curso como Direito em que, muitas vezes, somos questionados a separar o lado moral da Lei. E na nossa forma de olhar para a questão política e pública. No entanto, eu acho que somos nós cristãos, enquanto universitários, a queres mostrar ao nosso amigo o papel de evangelizar e levar à comunidade e à Faculdade, através de grupos como a “Missão País”. Recordo que alguns jovens amigos meus que foram à “Missão País” por um facto de aventura, por uma experiência, e era no encontro com o próximo, com o outro, que encontravam Deus.

VP: E como é aceite o seu empenho cristão pelos outros colegas da Universidade?

FR: Somos vistos como diferentes e eu gosto disso. Os meus amigos mesmo que não acreditem vão aceitando como nós olhamos para a vida. E, muitas vezes, dizem: “gostava de ser como vocês são”. Por exemplo, quando eu quis levar para a Faculdade os “Caminhos de Santiago” houve um processo difícil de aceitação e hoje a própria Reitoria da Universidade do Porto já fez mais do que uma notícia a divulgar. Nós não temos medo de mostrar aos nossos amigos e isso faz com que eles próprios se interroguem e queiram experimentar esta “água” que nós bebemos.

VP: Há pouco falou na “Missão País”. Como caracterizaria esse projeto?

FR: Eu falo a título pessoal, pois a “Missão País” mudou a minha forma de ver a própria Faculdade. Eu estava quase a mudar de Faculdade e foi a “Missão País que me permitiu identificar um grupo de amigos. E a “Missão País” permiti-me viver aquilo que eu sou de verdade. Sabemos que é uma semana diferente que nos leva para um mundo diferente em que, quando saímos, dizemos que vamos voltar para o mundo real. A “Missão País” permite que milhares de jovens possam viver uma entrega à comunidade à população do interior do país através da oração e da entrega a Deus. Olho para amigos meus que nunca pensaram ter uma ligação, a irem à Pastoral Universitária do Porto.

VP: Então é dando pelos outros que somos mais felizes?

FR: Sem dúvida. Essa capacidade de irmos ao encontro do outro sem o outro alguma vez estar à nossa espera. São pessoas, no caso da Faculdade de Direito, que, em Cinfães e, anteriormente, em S. João da Pesqueira, nos recebiam de braços abertos. E isto mexia connosco: como é que estas pessoas que tinham tão pouco nos oferecem tanto.

VP: E em termos de futuro podemos dizer que o compromisso cristão é para toda a vida?

FR: Sem dúvida. Isso é muito mais do que uma fase. A Faculdade termina enquanto estudantes, mas podemos sempre voltar com algo para dar. A “Missão País” foi para mim uma fase muito boa, mas ainda penso voltar enquanto mestrado.