Publicamos aqui a saudação inicial de D. Manuel Linda, bispo do Porto na sua Entrada Solene na diocese do Porto:
Saúdo cordialmente quantos se dignaram vir a esta vetusta Catedral para celebramos a Páscoa do Senhor, no dia em que inicio o meu novo ministério de Bispo do Porto, e rezarem comigo e por mim.
A minha primeira palavra é para o meu mestre que me entregou o governo pastoral desta Diocese, como Administrador Diocesano, e agora mesmo me saudou: o senhor D. António Taipa. Com ele e nele, cumprimento os meus irmãos que, comigo, assumem velar mais de perto por esta porção do Povo de Deus, os senhores O. Pio e O. António Augusto. Com veículo de comunhão com o Santo Padre, reverencio Sua Ex.cia Rev.ma o senhor Núncio Apostólico, a quem peço transmita ao Papa Francisco a fidelidade afectiva e efectiva desta Diocese do Porto. Nas pessoas dos Rev.mos Presidente e Vice-Presidente da Conferência Episcopal e no meu Metropolita de Braga, saúdo todos os meus irmãos no episcopado. Ressalto o senhor O. João Miranda, também ele antigo Administrador Apostólico. Uma palavra de proximidade afectiva para os bispos que já trabalharam no Porto ou daqui são naturais.
Na comunhão da fé e do serviço, dirijo uma cordial saudação aos Ministros responsáveis pelas várias Igrejas Cristãs presentes na área da Diocese do Porto, particularmente aos amigos que, aqui, me honram com a sua comparência: saibam, irmãos em Cristo, que tudo farei para continuarmos a boa relação fraterna tradicional entre as nossas Igrejas.
Alegra-me muito a presença das Ex.mas Autoridades de todos os sectores e âmbitos que, com a sua sabedoria e dedicação, realizam a urdidura daquela teia social de bens e serviços que muito contribuem para a vida em sociedade e para que os cidadãos vejam satisfeitas as suas necessidades e promovida a sua dignidade. Porque são muitíssimas as que aqui se encontram e as que, por diversos meios, se quiseram associar à minha pessoa e a este momento, seja-me permitido destacar Suas Excelências o senhor Ministro da Defesa Nacional, portuense ilustre e
Tutela administrativa nas funções que ultimamente desempenhei; Presidente da Câmara Municipal do Porto, da Junta Metropolitana do Porto e demais senhores Presidentes de Cámaras dos Concelhos que constituem a área da nossa Diocese; Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, referência de quantos nos garantem a soberania nacional; Chefes de Estado-Maior da Força Aérea, Exército e Marinha, Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana e Director Nacional
da Polícia de Segurança Pública, amigos caríssimos que representam a totalidade dos homens e das mulheres que nos asseguram a paz e a liberdade; Deputados da Nação, promotores da autonomia das realidades humanas; Chefe da Casa Civil e representante da Casa Militar de Sua Ex.cia o senhor Presidente da República, amigo por todos admirado, que só não está presente por situações inadiáveis; Procuradores da República, Juízes e Magistrados, paladinos de uma sociedade baseada na lei e boa convivência; Reitores e demais membros das nossas Academias, essas instituições de libertação que fazem mais humana a nossa sociedade, autarcas, empresários e representante de toda a sociedade civil e todos os investidos em autoridade: saibam que lhes agradeço, os respeito e admiro e comprometo-me a trabalhar com os organismos e as estruturas que representam em ordem a esse grande objectivo que é o bem, comum.
Neste momento histórico em que se eclipsa a tradicional ideia de Cristandade enquanto simbiose entre a fé e a cultura, mas, por outro lado, surge, com toda a sua pujança, uma nova sede de Transcendência, visível, por exemplo, nos novos movimentos religiosos, são cada vez mais determinantes e imprescindíveis os caríssimos sacerdotes. Saúdo-vos muito, muito cordialmente: o Vigário Geral, os membros do respeitadíssimo Cabido catedralício, os que servem os serviços centrais, os que exercem funções de coordenação, os Párocos, verdadeiros portaestandartes
do sagrado no mundo profano, os que já se retiraram, porque os muitos trabalhos lhe aceleraram a idade ou apressaram a doença, os novos, cheios de esperança e de ardor, enfim, todos e cada um. Neste âmbito ministerial, incluo os canss1mos Diáconos Permanentes, testemunho vivo da actualidade das palavras de Cristo de que 11 reinar é
servir”. E envolvo, também, todos os nossos seminaristas e quantos se encontram em processo de discernimento vocacional: vós sois a esperança em acto da nossa Diocese.
Ao ver, aqui, a minha família, penso em todas as famílias da nossa Diocese: as que vivem momento de júbilo e de alegria e as muitíssimas que suportam a desilusão da crise do relacionamento ou, em algum dos seus membros, o sofrimento da doença, a amargura da pobreza, a angústia do desemprego, a desorientação de algum filho, enfim, tudo o que é motivo de aflição e tristeza. Estou convosco e rezarei por vós. Até onde isso for possível, farei minhas, também, as problemáticas dos idosos, sem-família, sem-abrigo, migrantes e todos a quem a existência parece retirar as razões da alegria e da felicidade.
Dirijo o meu pensamento aos consagrados e consagradas que, na nossa Diocese, vivem a radicalidade da entrega a Deus e do serviço ao mundo na vida contemplativa ou activa: precisamos do vosso exemplo de radicalidade e da força da vossa intercessão. Da mesma maneira, penso na imensa riqueza da vida laical, nos milhares de catequistas, colaboradores litúrgicos e agentes sacio-caritativos, bem como de outros responsáveis por grupos e movimentos presentes e intervenientes na sociedade, tais como Misericórdias, Centros Sociais Paroquiais, Obra diocesana de
Promoção Social, Vicentinos, etc.: muito obrigado por esta dedicação que comprova a força transformante do Evangelho.
Enfim, penso em quantos sabem plantar uma florzinJ’!a de alegria e de esperança neste mundo, por vezes, árido e enevoado: os que nos garantem a paz e a segurança, os jovens e as crianças com os seus sorrisos e gritarias, os comunicadores e jornalistas, os agentes culturais e desportistas, a diversidade dos turistas que nos faz sentir a globalização e quantos enchem o mundo de bem, mesmo escondidamente, como fazem as mães.
Amigos, como preito de homenagem e resumo de tudo isto, cito literalmente o meu antecessor, de grata memória, o senhor D. António Francisco dos Santos: 11A nossa Diocese do Porto vem de longe, com uma bela história de caminho de fiéis esclarecidos, conscientes e responsáveis, inseridos na vida e na cultura do nosso tempo e com uma reconhecida audácia de missão. Todos somos necessários e imprescindíveis!”.
Então, mãos à obra.
Rezai comigo e rezai por mim.