Viver a Páscoa

A FÉ DOS SIMPLES

Por António Jesus Cunha

A Páscoa está próxima. Tivemos a oportunidade de, durante a Quaresma, através da oração, da esmola e do jejum, alimentados pela Palavra, ganharmos uma consciência mais responsável sobre o significado do Mistério Pascal. É tempo de fazer alguma coisa para que a nossa vida seja Páscoa. Dito de outra forma, a Páscoa tem que ser entendida como oportunidade de a nossa vida ser “nova” a partir do “novo” que Deus nos oferece na Páscoa. O Papa Bento XVI, na Vigília Pascal de 2012, afirmou: “A Páscoa é a festa da nova criação. Jesus ressuscitou e para nunca mais morrer. Rasgou a porta que dá para uma nova vida, que já não conhece doença nem morte. Assumiu o homem no próprio Deus”. Sublinha Bento XVI: “A criação está orientada para a comunhão entre Deus e a criatura; a criação existe para que haja um espaço de resposta à glória imensa de Deus, um encontro de amor e liberdade”. Membros, pelo amor de Deus, desta Nova Criação, a nossa vivência da Páscoa não pode deixar de ser comunhão permanente com Deus em contínuo “encontro de amor e liberdade”. Como afirmou o P. José Tolentino de Mendonça nos exercícios quaresmais com o Papa Francisco, é tempo de dizermos:  “Não a um cristianismo de sobrevivência e a um catolicismo de manutenção”.

O Papa Francisco, na mensagem para a Quaresma deste ano, convida-nos a reviver na noite de Páscoa o  sugestivo rito de acender o círio pascal, pois “a luz, tirada do «lume novo», pouco a pouco expulsará a escuridão e iluminará a assembleia litúrgica”. O Papa Bento XVI, na homilia da Vigília Pascal de 2012, também aborda este assunto: “O Precónio, o grande hino que o diácono canta ao início da Liturgia Pascal, de modo muito discreto chama a nossa atenção ainda para outro aspecto. Lembra-nos que o material do círio se fica a dever, em primeiro lugar, ao trabalho das abelhas; e, assim, entra em cena a criação inteira. No círio, a criação torna-se portadora de luz. Mas, segundo o pensamento dos Padres, temos aí também uma alusão implícita à Igreja. Nesta, a cooperação da comunidade viva dos fiéis é parecida com o trabalho das abelhas; constrói a comunidade da luz. Assim podemos ver, no círio, também um apelo dirigido a nós mesmos e à nossa comunhão com a comunidade da Igreja, que existe para que a luz de Cristo possa iluminar o mundo”.