Está a decorrer no Vaticano durante esta semana, de 19 a 24 de março, uma reunião preparatória da XV Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos que terá lugar no mês de outubro deste ano de 2018 subordinada ao tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Neste evento preparatório participam cerca de 300 jovens de todo o mundo.
Por Rui Saraiva
Os delegados portugueses são três: Joana Serôdio, Rui Lourenço Teixeira e Tomás Virtuoso. Joana Serôdio, da Diocese de Coimbra, vai representar a Conferência Episcopal Portuguesa, e é o nome indicado pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil. Por sua vez Rui Lourenço Teixeira, que é da Diocese de Setúbal, representa a Conferência Internacional Católica do Escutismo (CICE). Tomás Virtuoso foi indicado pelo Secretariado Internacional das Equipas de Jovens de Nossa Senhora.
A Comissão Episcopal para o Laicado e Família apresenta o seguinte perfil dos três jovens portugueses que aqui partilhamos com os nossos leitores:
Joana Serôdio, 30 anos, pertence à Diocese de Coimbra. Na sua caminhada de descoberta e vivência da fé já fez parte de um grupo de jovens da Paróquia de São José (Coimbra), onde também foi catequista. A nível diocesano integrou, durante 5 anos, o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil, tendo sido coordenadora, e também o Serviço Pastoral do Ensino Superior de Coimbra numa vertente para recém-licenciados. Atualmente, faz parte da equipa coordenadora dos Convívios Fraternos de Coimbra e também da equipa do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil. De um modo mais pessoal integra uma CVX (Comunidade de Vida Cristã) e faz Exercícios Espirituais da Vida Corrente.
Rui Teixeira, 30 anos, é escuteiro desde a infância. Fez o seu percurso escutista em Setúbal e foi investido dirigente há cinco anos. Como dirigente tem elegido a educação para a paz como um dos seus lemas. Atualmente é formador de dirigentes e, para além do seu contributo a nível local, colabora nas equipas nacionais do Corpo Nacional de Escutas (CNE). Tem representado o CNE na Conferência Internacional Católica do Escutismo (CICE). É também coordenador e animador de um grupo paroquial de jovens. Médico de formação e docente universitário, está dedicado ao ensino e à formação das novas gerações em toda a sua extensão e riqueza. Nos contextos onde vive deseja reiterar a importância da formação dos leigos para uma vivência autêntica da proposta de Cristo na Igreja de hoje.
Tomás Virtuoso, 24 anos, mais velho de três irmãos de uma família católica. Depois de ter estudado oito anos no Colégio Militar, fez a licenciatura e o mestrado em Economia na Universidade Católica Portuguesa, onde está, de momento, a escrever a tese de mestrado em Economia Política Europeia. Durante os anos de faculdade, fez parte da Missão País. Paroquiano de Carcavelos (Patriarcado de Lisboa), é membro das Equipas de Jovens de Nossa Senhora (EJNS) desde 2010, onde assumiu as mais diversas responsabilidades, tanto a nível local como a nível nacional. Atualmente, faz parte da equipa de organização do Faith’s Night Out e coordena a equipa de acolhimento a uma família de seis refugiados sírios que as EJNS receberam em dezembro de 2016.
Segundo a Agência Ecclesia, foi em outubro de 2017 que o Papa Francisco, no final de uma audiência geral, anunciou a realização de um grande encontro com jovens de todo o mundo, crentes e não crentes, com o objetivo de preparar a Assembleia do Sínodo dos Bispos. O Santo Padre referiu, nessa audiência geral na Praça de S. Pedro, que “de 19 a 24 de março foi convocada, pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, uma reunião pré-sinodal para a qual foram convidados jovens de várias partes do mundo, tanto jovens católicos como jovens de outras confissões cristãs e outras religiões, ou jovens não crentes”.
Nesta reunião pré-sinodal os jovens são convidados a participar procurando respostas para as interrogações das suas vidas. A proposta de reflexão publicada na página www.synod2018.va propõe três partes concretas. São estas as pistas de reflexão aí incluídas:
Primeira parte: desafios e oportunidades dos jovens no mundo de hoje
Temos necessidade de nos conhecermos uns aos outros, de descobrir os nossos valores comuns, de entender com o que contar e do que nos afastar, de definir as diferenças, de as aceitar e de ir além, de olhar para a frente e de intuir o que nos espera, de encontrar um equilíbrio entre espaços de progresso extremo e espaços de introspeção profunda, essencial e autêntica.
Quantas vezes, somos obrigados a perguntar quem sou eu? Quais aspirações e esperanças podemos cultivar para o nosso futuro? No imparável progresso tecnológico, a nossa vida digital representa uma oportunidade ou um risco? No mundo hipercomunicativo e hiperconectado, como podemos entrar em contacto com a nossa interioridade e abrir o nosso coração à espiritualidade?
Segunda parte: fé e vocação, discernimento e acompanhamento
A fé, caminho de sentido da nossa liberdade, leva a uma plenitude do humano. Em particular, a fé em Jesus Cristo narra sobre uma humanidade que foi visitada, aliás, habitada por Deus. A consequência deste encontro põe-nos em movimento com entusiasmo rumo ao nosso verdadeiro bem, que nos é desconhecido. É unicamente numa história, ao longo de um caminho, na travessia de vínculos e de relacionamentos pessoais que se revela a verdade acerca de nós mesmos, orientando as nossas escolhas.
Jesus ainda tem algo a dizer aos jovens de hoje? Como o conhecem e o que pensam a respeito d’Ele? Quais são as razões que sustentam as nossas vidas? Qual é a esperança que leva tantos jovens a dizer: eu creio? Podemos reconhecer que cada um de nós é chamado a ser feliz e a realizar algo de especial?
Terceira parte: a ação educativa e pastoral da Igreja
Hoje, a esperança da Igreja é de que os jovens possam ser verdadeiras testemunhas do anúncio de Jesus. Então, é necessário voltar a descobrir e valorizar o entusiasmo das jovens gerações, criando lugares acolhedores que saibam torná-los protagonistas. Na base da mudança deve estar a corresponsabilidade entre a Igreja e os jovens. À primeira pede-se que experimente novas propostas e outras linguagens adequadas às novas gerações, e a elas pede-se que estejam presentes e deixem a sua própria marca.
Como deveria ser a Igreja para dar testemunho do Evangelho, tornando-se credível para os jovens? Que estilo deveria assumir, a fim de que cada jovem possa sentir-se protagonista nela? A Igreja tem necessidade do olhar e da sensibilidade dos jovens para cumprir fielmente a sua missão. Em que praça poderia encontrar-se com eles? Quais são as propostas que despertam o coração dos jovens, colocando-os a caminho? Quais são as linguagens que permitem falar de maneira autêntica da vida e de descrever a alegria do dom e da comunhão?
Segundo informa a Comissão Episcopal para o Laicado e Família, o Papa Francisco “exprimiu o desejo que os jovens de todo o mundo estejam conectados durante esses dias e possam dialogar através da internet e das redes sociais na reunião pré-sinodal. O hashtag é #synod2018”.