
Após seis meses de obras, espaço está requalificado e funcional.
Foi em dia da Festa de S. José (19 de março) que foi inaugurada a Casa Sacerdotal da Diocese do Porto após as obras de requalificação que foram empreendidas nos últimos 6 meses.
Por Rui Saraiva
Requalificação e funcionalidade
Sendo um dos desejos do saudoso bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, este espaço, dedicado ao acolhimento dos sacerdotes mais idosos, é agora uma obra requalificada e funcional com uma capacidade de 19 camas, com as novidades de uma enfermaria, um novo espaço para a Capela, um espaço social todo no mesmo piso e saídas diretas para o exterior nos três pisos do edifício principal. Esta intervenção foi coberta financeiramente quase na totalidade pela Irmandade dos Clérigos que também subsidia a vida corrente da instituição.
A Casa Sacerdotal foi erigida em 2005 e tem três polos que agora estão ligados entre si: o polo 1, edifício mais antigo onde eram servidas as refeições até há algum tempo; o polo 2, edifício principal, onde residem os sacerdotes mais idosos e com mais necessidade de cuidados diários; e o polo 3, um edifício com apartamentos onde residem sacerdotes e bispos idosos que possuem ainda saúde e mobilidade para uma vida autónoma e, em alguns casos, operante e muito útil junto das comunidades e igrejas da diocese do Porto.
A propósito da intervenção feita à Casa Sacerdotal o arquiteto Bernardo de Brito sublinhou à VP que “a grande mudança foi fazer com que os espaços que estavam fisicamente muito afastados ficassem mais próximos”. Nas suas declarações, o arquiteto desta obra salientou que agora as refeições deixaram de ser feitas no polo 1 e são agora tomadas num refeitório que é contíguo à Capela e à sala de estar, onde antes havia uma piscina. Na Casa Sacerdotal são 14 os funcionários estando o serviço litúrgico entregue ao dedicado apoio das Irmãs de S. José de Cluny.
“Tratamos bem as pessoas”
Em declarações à VP, o padre Joaquim Mário, presidente da Direção da Casa Sacerdotal, assinalou que vivem agora no polo 1 “10 pessoas, 8 sacerdotes e 2 senhoras. Uma é irmã de um deles, que sempre viveu com ele, sempre o acompanhou e a outra é uma senhora que dedicou toda a sua vida à diocese e, no caso concreto à Fraternidade Sacerdotal do Porto. Não tem familiares, não tem mais ninguém próximo que possa tomar conta dela” – frisou o padre Joaquim Mário.
Com particular satisfação, o presidente da Direção daquela instituição recordou que a Casa Sacerdotal albergou, até ao ano passado, um centenário sacerdote: “o padre Cunha que chegou aos 105 anos” e que meses antes de falecer encontrou o Papa Francisco em Fátima num momento pleno de ternura. A presença de um sacerdote com mais de 100 anos na Casa Sacerdotal foi um motivo de “honra” para a instituição – sublinhou o padre Joaquim Mário afirmando que este facto “significa que nós aqui tratamos bem as pessoas” – declarou.
“É com os frágeis e os doentes que Jesus se identifica”
Foi comovente e significativa a celebração eucarística que teve lugar na Capela da Casa Sacerdotal. Presidida pelo Administrador Diocesano do Porto, D. António Taipa, foram vários os bispos eméritos presentes: D. João Miranda, D. Gilberto Canavarro, D. Januário Torgal Ferreira e um dos distintos residentes da casa: D. Manuel Vieira Pinto, arcebispo emérito de Nampula (Moçambique). Vários os sacerdotes mais novos que se juntaram aos 8 que vivem naquela instituição.
Na sua homilia, D. António Taipa assinalou ser importante recordar as palavras do Papa Francisco que nos aponta a necessidade do “regresso a Jesus” e de, assim, “deixarmo-nos encontrar por Ele”. Neste particular, o Administrador Diocesano lembrou S. José, “homem justo e humilde”, que “acolhe Deus” não permitindo que Maria fosse uma “mãe solteira”.
Referindo-se em concreto à inauguração da requalificada Casa Sacerdotal, D. António Taipa, acentuou na sua homilia a importância desta estrutura e dos padres que ali residem e que, de outra maneira, continuam o seu sacerdócio. Num modo diferente mas cientes que “é com os mais frágeis e com os doentes que Jesus se identifica” – afirmou. Após a Eucaristia seguiu-se um almoço convívio que reuniu os sacerdotes e bispos presentes.
A Casa Sacerdotal do Porto é um espaço aberto a quem quiser visitar os sacerdotes mais idosos da diocese, que foram exemplo de entrega, doação e serviço às comunidades cristãs. E fica o convite que o presidente da Direção da instituição dirige aos diocesanos, em particular, aos sacerdotes mais novos: “era bom que eles passassem por cá” – afirmou o padre Joaquim Mário.