Preparar e celebrar as Festas Pascais

Foto: Rui Saraiva

Já lá vão trinta e dois anos desde que a Congregação para o Culto divino publicou uma “Carta circular” que retoma, explicita e particulariza as normas litúrgicas relativas à preparação e celebração das Festas Pascais [sigla: PCFP; texto em EDREL 3850-3957] e sugere oportunos temas da catequese do máximo interesse para a vivência da Páscoa. O documento continua atual e pertinente. Permitimo-nos retomar algumas das suas reflexões e propostas:

  1. “Tal como a semana tem o seu início e o seu ponto culminante na celebração do Domingo, sempre caracterizado pela sua índole pascal, assim também o centro culminante de todo o ano litúrgico refulge na celebração do sagrado Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor, preparada pela Quaresma e prolongada na alegria dos cinquenta dias seguintes”. (PCFP, nº 2). Toda a pastoral litúrgica brota da Páscoa e para a Páscoa converge.

A Quaresma

  1. “A caminhada anual de penitência da Quaresma é o tempo de graça durante o qual se sobe à santa montanha da Páscoa. O tempo da Quaresma, com a sua dupla característica, prepara quer os fiéis quer os catecúmenos em ordem à celebração do mistério pascal… Os fiéis, dedicando-se com mais assiduidade a escutar a Palavra de Deus e a uma oração mais intensa, e mediante a penitência, preparam-se para renovar as suas promessas batismais. (PCFP, nº 6)
  2. “Toda a iniciação cristã comporta um carácter eminentemente pascal enquanto é a primeira par­ti­cipação sacramental na Morte e na ressurreição de Cristo. Por esta razão convém que a Qua­resma adquira o seu carácter pleno de tempo de purificação e de iluminação…; a própria Vigília Pascal há de ser tida como o momento mais adequado para celebrar os Sacramentos da iniciação” (PCFP, nº 7).
  3. “…Os pastores recordem aos fiéis a importância que tem para fomentar a sua vida espiritual a profissão da fé batismal que, «terminado o exercício da Quaresma», são convidados a renovar publicamente na Vigília Pascal” (PCFP, nº 8).
  4. Durante a Quaresma há que organizar uma catequese para os adultos… Ao mesmo tempo, estabeleçam-se celebrações penitenciais… (PCFP, nº 9).
  5. “O tempo da Quaresma é também tempo apropriado para levar a cabo os ritos penitenciais, a modo de escrutíniostambém para as crianças, já batizadas, antes de se abeirarem pela primeira vez do Sacramento da Penitência” (PCFP, nº 10).
  6. “Deve ministrar-se, sobretudo nas homilias do Domingo, a catequese do mistério pascal e dos sacramentos…” (PCFP, nº 12).
  7. Os pastores exponham a Palavra de Deus mais a miúdo e com maior empenho, nas homilias dos dias feriais, nas celebrações da Palavra de Deus, nas celebrações penitenciais, nas pregações especiais próprias deste tempo, nas visitas que façam às famílias ou a grupos de famílias para a sua bênção. Os fiéis participem mais frequentemente nas Missas feriais e, se isso não lhes for possível, serão convidados para ao menos ler, em família ou privadamente, as leituras do dia” (PCFP, nº 13).
  8. “O Tempo da Quaresma conserva o seu carácter penitencial. […] A virtude e a prática da Penitência conti­nuam a ser elementos necessários da preparação pascal: a prática externa da Penitência, tanto dos in­di­víduos como de toda a comunidade, há de ser o resultado da conversão do coração. Esta prática, se bem que deva acomodar-se às circunstâncias e exigências do nosso tempo, entretanto não pode pres­cindir do espírito da penitência evangélica e há de orientar-se também para o bem dos irmãos…” (PCFP, nº 14)
  9. “Recomende-se aos fiéis uma participação mais intensa e frutuosa na liturgia quaresmal e nas celebrações penitenciais. Exortem-se, sobretudo, para que, segundo a lei e as tradições da Igreja, se abeirem neste tempo do sacramento da Penitência e possam assim participar de alma purificada nos mistérios pascais. É muito conveniente que o sacramento da Penitência se celebre, durante o tempo da Quaresma, segundo o rito para reconciliar vários penitentes com confissão e absolvição individual, tal como vem indicado no Ritual Romano. Os pastores estejam mais disponíveis para o exercício do ministério da reconciliação, e deem facilidades para celebrar o sacramento da Penitência ampliando os horários para as confissões individuais” (PCFP, nº 15).