“Um novo impulso para a causa da canonização” de D. António Barroso, o “bispo dos pobres”

Restos mortais do antigo bispo do Porto foram trasladados este domingo do cemitério de Remelhe, Barcelos, para a Igreja paroquial.

O arcebispo primaz de Braga encontra na trasladação dos restos mortais de D. António Barroso “um novo impulso para a causa da canonização”.

A Arquidiocese de Braga fez cumprir este domingo a vontade da Santa Sé ao trasladar do cemitério de Remelhe, Barcelos, para a Igreja paroquial os restos mortais de D. António Barroso.

O arcebispo de Braga acredita que a cerimónia ajudará na causa de canonização do antigo bispo do Porto, também conhecido como “Bispo Missionário” ou “Pai dos Pobres”.

Na homilia da eucaristia a que presidiu, D. Jorge Ortiga lembrou o testemunho de vida de D. António Barroso e prometeu corresponsabilidade na causa de canonização “pedindo e dando a conhecer as graças que poderão resultar em possíveis milagres”. 

O arcebispo de Braga defendeu a necessidade de a Igreja “recuperar a opção preferencial pelos pobres”, seguindo “o testemunho eloquente de D. António Barroso”.

D. Jorge Ortiga lembrou que D. António Barroso “passou à história com o nome de pai dos pobres”, reforçando a ideia de que o antigo bispo do Porto “tudo fez pelos pobres”, o que deve levar a Igreja, “seguindo os passos de D. António Barroso”, a recuperar também “esta opção preferencial pelos pobres”.

O arcebispo de Braga aproveitou também a homília da eucaristia para “contrariar a ideia de que Portugal se encontra numa situação de bem-estar económico”, e exortou todos os presentes “ao combate das situações de desigualdade social”.

“Pretendem dizer-nos que economicamente Portugal se encontra numa situação de bem-estar”, mas, referiu D. Jorge Ortiga, “não custa muito contradizer estas afirmações”, bastando “ir ao encontro da vida de muitas famílias para reconhecer hoje novos rostos de pobreza”. 

Seguindo as pegadas do venerável D. António “saberemos ir à causa de tantas situações que teimam em persistir nas diversas formas de desigualdade social com tantas formas de marginalidade e exclusão”.

“Junto dos restos mortais de D. António devemos, por isso, a ouvir a voz lancinante de tantas situações desumanas que teimam em persistir”, concluiu o arcebispo primaz de Braga.

Por sua vez, o bispo do Porto, que concelebrou, garantiu que a Diocese do Porto tudo fará para fazer avançar o processo de canonização de D. António Barroso.

D. Manuel Linda revelou que dos primeiros atos como Bispo do Porto foi dirigir-se a Roma para falar “na congregação para a causa dos santos de dois grandes do Porto: D. António Barroso e Padre Américo”.

O bispo do Porto revelou também que no seu escritório para “além de um crucifixo e de uma imagem de S. José está precisamente um busto de D. António Barroso”, um bispo que D. Manuel Linda recorda “pela sua dimensão universal, pela sua ligação à pobreza e pela sua procura de liberdade”.

Essencial ao processo de canonização é a existência de um milagre. O bispo do Porto está convencido de que há um milagre feito por interceção de D. António Barroso”, mas “infelizmente não temos provas documentais porque aquelas que estavam no hospital não se encontram, pois, por ventura, devem ter sido destruídas porque já foi há muito tempo”.

Ainda assim, o bispo promete que “tudo continuaremos a fazer para que outros possíveis milagres sejam creditados em Roma” e assegurou que mesmo noutros âmbitos divulgaremos o nome, a obra a memória o legado do senhor D. António Barroso”.

A partir deste domingo os restos mortais do “Bispo Missionário”, do “Pai dos pobres” repousam na Igreja de Remelhe, em Barcelos.

(Henrique Cunha, RR)