A água para todos

Por Joaquim Armindo

Não faltam armas e munições em todos os povos, para continuar a dinamitar a nossa sociedade. E nem sequer a corrupção e os interesses das economias existentes, algumas disfarçadas, digo eu, de quererem o bem-comum, que excluem e matam os seres humanos, ou outros seres vivos. A solidariedade é letra morta, para os poderes do dinheiro, culturais ou outros. Mas água, água potável, essa falta, e quantos morrem de sede por não possuírem um púcaro de água, que lhes mate a sede. Na nossa sociedade matar significa destruir os seres viventes, um suicídio coletivo. Matar não significa matar a fome ou a sede, matar não significa que a nudez deixe de existir, não significa erradicar a iliteracia, não significa destruir as armas. Mas significa, ignorar o perdão e a misericórdia, o amor entre todos e todas. Matar é continuar a sustentar uma economia assente na exploração até à escravatura. Matar, hoje, pode até ser uma guerra com outras armas e munições. Apesar que, para esta economia que mata, também é necessário produzir muitas armas e munições e adquirir engenho capaz de destruir a Criação.

Por ocasião da recente da Conferencia: “A gestão de um bem comum: acesso a água potável para todos”, o papa Francisco adverte para as estatísticas do acesso à água, especialmente para aqueles que adoecem e morrem com água contaminada. Lembrando a tão ignorada encíclica Laudato Si`, reflete que é próprio do Evangelho uma luta sem tréguas pelo acesso à água, água como um bem de todos, e que não é privatizável a favor de minorias ricas. O acesso à água potável é um direito, próprio da dignidade humana. Em todos os credos e culturas a expressão de Jesus, Evangelho de Mateus, “Eu estava com sede e me destes de beber”, é aceite e nunca negligenciada, por isso, “a dupla dimensão espiritual e cultural da água…é fundamental para moldar o tecido social, a coexistência e a organização comunitária”.

A água não uma questão ou matéria, a serem estudadas, mas a afirmação clara da existência dos seres humanos. Ou queremos viver, como “jardineiros” que cuidam da casa comum, ou não. Uma questão de urgente opção, na liberdade de Deus nos dá.