“Quero morrer!”

Por Joaquim Armindo

Tantas e tantas vezes ouvimos dizer isto. “Quero morrer” e “Deus Nosso Senhor não me leva” ou “Vou-me matar”. E porquê? Estão cansados da vida e não têm as formas de apoio necessário.

Estão desesperados com dores ou doenças, e não existem os meios suficientes, paliativos e humanos, que deem razão à vida. Quando as pessoas – mais as do povo, povo -, referem estes sentimentos é porque estão sem razão de vida, veem tudo a desmoronar-se e não sentem a confiança de ninguém.

Não somos uma ilha, onde estamos, mas uma comunidade onde vivemos. Se esta não atinge a plenitude que deveria possuir, certamente que todos nós nos sentimos abandonados. Por isso tantas vezes desejamos a morte, para colocar fim aos nossos padecimentos. Numa ilha sozinhos podemos decidir tudo, na “cidade”, enquanto partilha e cidadania, temos os “outros” que nada são, sem os nossos “eus”. Assim a liberdade é uma condição suprema, quando o é para todos e em todos. A liberdade decide-se em comum, e não no solipsismo resignativo.

Todos conhecem os meus pensamentos e ideias – até pelo inserto nestas crónicas -, não sou propriamente um instalado, resignado ou populista. Serei ou tentarei ser um “progressista”, “não instalado”, até “anarquista”, mas sobretudo sou um cristão. Que pensa por si, lendo e contemplando a minha “cartilha de cabeceira”: a Palavra do Deus em que acredito. Tem sido sempre assim nas minhas posições. Arrenego a “economia que mata” e por isso não me encontram nem no neoliberalismo, nem no liberalismo. Nos sentidos de opinião todos sabem qual é a minha, da economia à política, da cultura ao social, passando pela defesa da Mãe Terra. Diria que não sou um “carreirista”, nem na sociedade, nem na Igreja.

Tudo isto para lhes afirmar que não compreendo a chamada “eutanásia”.

Se é para “morrer com dignidade”, então que nós, a sociedade, cumpramos o dever de estabelecer as condições necessárias a tal, com os meios necessários para deter o sofrimento de quem vai passar desta vida a uma outra. Se é para matar aqueles que já são indesejáveis, então não nos encontramos na mesma barcaça. Se um dia tiver de votar – embora estas questões não se resolvam assim-, segundo o meu ponto de vista – direi não à eutanásia!